Existe na Eletronorte a expectativa generalizada quanto à possibilidade de se iniciar o processo de negociação da Curva Tamburello. Esta expectativa e ansiedade se estendem a todos os trabalhadores, incluindo os gestores da empresa. E não é para menos. Afinal de contas, são 13 anos aguardando um posicionamento da direção da Eletronorte sobre o impasse. São 13 anos esperando que a empresa faça justiça a seus trabalhadores.
Em todas as instâncias judiciais, os tribunais reconheceram o direito legítimo dos empregados ao pagamento da Curva Tamburello. Essa batalha judicial só não terminou ainda porque a Eletronorte ingressou com vários recursos protelatórios junto ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) e Supremo Tribunal Federal (STF). Todos, sem exceção, se posicionaram favoravelmente aos trabalhadores.
Recentemente, no dia 12 de março, a empresa entrou no STF com agravo regimental, outro recurso meramente protelatório – o último possível no Supremo –, que está nas mãos do ministro Cezar Peluso. É importante ressaltar que esse mesmo ministro, no dia 18 de fevereiro deste ano, negou o agravo de instrumento ajuizado pela empresa, mantendo a decisão anterior e reconhecendo o direito dos trabalhadores.
Paralelamente à batalha judicial, por diversas vezes o Sindinorte reivindicou que a direção da empresa iniciasse o processo de negociação desse passivo. Depois de muita insistência e em reunião com o presidente da Eletronorte, Jorge Palmeira, este se comprometeu a fazer isso até o dia 31 de março. Para tanto, foi criada uma comissão coordenada pelo sr. Almendra, chefe de gabinete da Presidência, com o objetivo de quantificar e negociar esse passivo trabalhista.
Parecer protelatório
No dia 26 de março, quinta-feira da semana passada, o Sindinorte reuniu-se com o diretor de Gestão Corporativa, sr. Tito, com o sr. Almendra e com o sr. Stephen (GAT) para tratar do assunto. Textualmente, a empresa informou que a ideia de negociar esse passivo permanece intacta, porém foi pedido um parecer jurídico ao advogado contratado pela Eletronorte para defendê-la nesse processo. O parecer posterga a decisão da empresa, uma vez que coloca as seguintes condições:
a) o acordo deve ser realizado nos autos do processo e homologado judicialmente.
Avaliação do Sindinorte: isso é de praxe.
b) aguardar a instauração da execução.
Avaliação do Sindinorte: isso nunca foi ventilado antes pela empresa. Não existe necessidade de se instaurar execução para iniciar o processo de negociação. Ao contrário, isso dificulta a negociação junto ao INSS e à Receita Federal.
c)autorização formal da Eletrobrás, do Ministério de Minas e Energia, DEST e Advocacia-Geral da União.
Avaliação do Sindinorte: essa condição não é necessária. Já negociamos vários passivos trabalhistas e nunca foi solicitada autorização aos órgãos fiscalizadores ou superiores, pois as empresas têm autonomia para negociar, como prevê o artigo 173 da Constituição Federal. Além disso, o Decreto n.º 3.735, de 21 de janeiro de 2001, que trata das atribuições do DEST, não inclui a negociação de passivos como uma das atribuições do órgão controlador.
Para o Sindinorte, está claro: como a Eletronorte tem pouquíssima margem para adiar a decisão final por meio de recursos meramente protelatórios, quer agora postergar a negociação com base em parecer encomendado com este fim, elaborado por advogado contratado pela própria empresa.
A recusa em negociar logo esse passivo trabalhista, possibilitando assim estancá-lo, é uma atitude irresponsável por parte da direção da empresa. Primeiro, porque postergar o pagamento resulta em aumento do passivo, que é reajustado mensalmente pelo INPC e sobre o qual incidem juros de 1% ao mês. Segundo, porque evita que a Eletrobrás coloque ações na Bolsa de Valores de Nova York.
A transformação da Eletrobrás em uma megaempresa brasileira que conquiste mundialmente a mesma respeitabilidade da Petrobras, como afirmou o presidente Lula recentemente, passa, principalmente, pela valorização e pelo respeito aos seus recursos humanos: os seus trabalhadores. Atitudes como essa caminham na contramão da orientação dada pelo chefe maior desta Nação: o presidente Lula.
Reunião das assessorias jurídicas
Na reunião ocorrida no último dia 26/03, o Sindinorte solicitou que fosse agendada reunião com os assessores jurídicos das entidades sindicais e das empresas, a fim de se tentar achar uma alternativa. Essa reunião foi agendada para o próximo dia 6 de abril, às 10h, na sede da Eletronorte em Brasília.
Conforme deliberação das assembleias realizadas em todas as bases do Sindinorte, se a negociação do passivo da Curva Tamburello não for iniciada até o dia 31 de março, entraremos com a execução do processo.
Esperamos que a direção da empresa tenha bom senso e que, acima de tudo, honre a palavra empenhada e comece a negociação imediatamente, sem criar obstáculos virtuais para justificar o injustificável.