Voto tem dono e geralmente não passa para ninguém. Bem, já pode ter sido assim em eleições passadas, porque, pelo que indicam as pesquisas, o presidente Lula está conseguindo passar os milhares que tem para sua candidata, Dilma Rousseff, como a próxima presidente da República. Mas a ex-ministra sofre com a possibilidade se ser impugnada – pelo menos até agora. Então, como será com Joaquim Roriz caso não consiga reverter sua impugnação no Supremo Tribunal Federal?

Pelo menos em relação a Roriz, o voto continua sendo pessoal e intransferível. Em 1994, quando lançou Valmir Campelo contra Cristovam Buarque, viu o PT assumir pela primeira vez o GDF. Quatro anos depois voltaria, derrotando o mesmo Cristovam, que hoje busca continuar no Senado, mas pelo PDT. Quer dizer: quem é Roriz não aceita imitações, como diz o bordão publicitário

A hipótese ficar fora da eleição e ceder o lugar para seu vice, Jofran Frejat, ou outra pessoa, tem feito o ex-governador enfatizar a importância de os eleitores votarem em todos os candidatos da coligação que encabeça. Mais: Roriz também sempre dá uma boa quantidade de tempo para os candidatos majoritários falarem nos comícios, além da filha Jaqueline, candidata a deputada federal.

Tais aberturas vêm sendo interpretado por analistas do cenário político como uma sinalização de que são pessoas da inteira confiança do ex-governador. E que, numa eventual substituição, seus eleitores devem apoiá-los como se estivessem votando no próprio Roriz.

Não há garantia, no entanto, de que quem vota em Roriz seguiria Frejat ou outro substituto. O cientista político da Universidade de Brasília (UnB) Octaciano Nogueira explica que isso ocorre porque as pessoas escolhem seus candidatos por motivações diferentes.

“Uma pequena parcela da população vota ideologicamente, outra fisiologicamente, alguns ainda por simpatia”, afirma. Assim, com a eventual saída de Roriz, Octaciano acredita que haveria um aumento do número de votos em branco.

(Fonte: Natasha Dal Molin, Jornal de Brasília)