O ritmo de crescimento da população idosa do país triplicou no último ano. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), entre 2008 e 2009, mais de 697 mil pessoas passaram para a faixa etária de 60 anos ou mais. A tendência já era percebida nos últimos anos, quando foi constatada a redução do número de filhos por mulher e o aumento da proporção da população adulta. Segundo a pesquisa, o Norte ainda é a região mais jovem do país, e o Sudeste e o Sul, as regiões que envelhecem mais. Também é na Região Norte onde está a maior proporção de solteiros, seguida de Nordeste e Centro-Oeste.

Especialista do Centro de Medicina do Idoso da Universidade de Brasília (UnB), Renato Maia alerta para o envelhecimento acelerado da população no país. “A taxa de fecundidade da mulher está inferior à necessária para reposição populacional. Desta forma, daqui a alguns anos o número de brasileiros deve diminuir”, acredita. A média de filhos por mulher constatada pela pesquisa foi de 1,9 em 2008 e 2009. Em 2004, o índice era de 2,1, número considerado ideal para que ocorra estabilidade no tamanho da população.

O Distrito Federal também caminha para a tendência de envelhecimento, mas em ritmo menos acelerado. A região tem apenas 7,9% da população com mais de 60 anos de idade. Em 2008, o índice era de 7,8%. No Brasil o crescimento foi mais significativo, passando de 11,1% em 2008 para 11,3% no último ano. Em 2004, a proporção era de 9,7%.

O aumento de idosos em Brasília deve ser mais expressivo nos próximos anos, já que a população que tem entre 25 e 59 anos já representa quase a metade (49,9%) do total de habitantes. Esse índice é igual ao constatado em São Paulo, um dos estados com maior proporção de idosos.

Maria José, 66 anos, e João Nogueira, 71 anos, são casados e moram em Taguatinga Norte há mais de 40 anos. O casal teve duas filhas que moram e trabalham no Distrito Federal. Hoje, os avós moram sozinhos, mas recebem com frequência a visita dos netos. A costureira e o servidor público aposentado não trabalham mais, mas aproveitam o tempo livre com passeios e viagens. “Depois de ter os filhos criados, temos mais tempo para aproveitar”, conta a avó de seis netos e um bisneto.

Na Região Norte, mais da metade da população é formada por jovens de até 24 anos (50,2%). A proporção é maior no estado do Amapá (52,5%). Já a região Sudeste concentra 44% da população adulta do país. São mais de 39 milhões de pessoas na faixa etária entre 25 e 59 anos, quase metade da população da região (49,3%).

Solteiros do Centro-Oeste

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada ontem, também mostrou que a proporção de homens casados, na faixa etária entre 35 e 39 anos, supera o percentual de mulheres casadas da mesma idade — fato que pode ser explicado devido à população masculina ser inferior à feminina. O país é composto por 51,3% de mulheres e 48,7% de homens, o que significa que no Brasil há cerca de 5,8 milhões de mulheres a mais do que homens. Essa diferença do percentual entre homens e mulheres casados cresce gradativamente conforme o aumento da idade.

Diferentemente do cenário encontrado nas regiões mais urbanizadas do país, o Centro-Oeste tem mais solteiros do que casados. Exatos 45,7% da população local são solteiros. Se somados aos divorciados, desquitados e separados judicialmente, esse grupo passa a representar mais da metade (51,9%) dos habitantes da região, o que equivale a 5 milhões de pessoas — com mais de 14 anos — disponíveis para relacionamento conjugal.

No Norte, o índice de solteiros com mais de 14 anos chega a 57,8%. A região também apresenta a menor proporção de casados, divorciados e viúvos. Já no Sul, quase metade da população é casada (49,7%). E o Sudeste concentra mais da metade dos divorciados do país, ou seja, mais de 4 milhões de pessoas.

A maioria dos solteiros é composta por homens, 31,9 milhões deles com idade superior a 15 anos. Só que isso muda conforme avançam as faixas etárias. Considerando apenas a população entre 15 e 24 anos, há 1,6 milhão de solteiros a mais do que de solteiras. Esse número praticamente se iguala no intervalo de 35 a 44 anos. E depois se inverte quando a população chega à faixa de 45 a 54 anos, em que há 293 mil a mais de solteiras.

(Fonte:Carolina Khodr, Correio Braziliense)