Até a próxima sexta-feira (17), as trabalhadoras e trabalhadores de Furnas Brasília Sul participam da Semana Interna de Prevenção de Acidentes (Sipat), que começou na segunda-feira (13) passada. O objetivo é conscientizar a categoria sobre a importância da priorização da integridade física dos profissionais, mesmo diante de emergências.

Nessa perspectiva, o gerente de Segurança do Trabalho e Saúde em Furnas, Júlio César Silva, apresentou a palestra “Emergências em linhas de transmissão”. Segundo o palestrante, que apontou dados da Funcoge, a cada seis dias um eletricitário morre no Brasil vítima de acidente de trabalho.

Em 2012, morreram 67 eletricitários, sendo nove empregados públicos e 58 terceirizados. Com a aprovação do PL 4.330, o número de mortes deve engrossar ainda mais essa estatística, já que a terceirização, que impõe o cumprimento de altas metas diante de qualificações profissionais duvidosas, pode acirrar ainda mais o problema.

O diretor do STIU-DF, Antônio Maria, alerta que é muito difícil não haver emergências nas linhas de transmissão de Furnas. “Como o nosso contingente é cada vez menor, é preciso juntar pessoas de várias regiões para atender os chamados. Fazer esse gerenciamento dos recursos humanos, alinhando a priorização da segurança e saúde do trabalhador é muito importante”, destaca.

De fato, a demanda para atender chamados é muito alta. A média mensal de horas por mês só para atendimentos emergenciais, segundo Júlio, é de 15 mil para cada grupo de 100 trabalhadores, o que dá uma média anual de 180 mil horas. Em 2014, com o aumento da demanda, a quantidade de horas ao longo de todo o ano aumentou para 200 mil horas.

Submetidos a jornadas exaustivas de trabalho, com o agravante de várias horas-extras, os trabalhadores acabam ficando com a percepção comprometida. Aliado a isso, a falta de treinamento adequado, a não utilização correta dos Equipamentos de Proteção Individual e o hábito cultural de práticas de risco aumentam as possibilidades de acidente num ambiente que, por si só, já é bastante perigoso.

Em 2013, a morte de um trabalhador de Furnas deixou outros trabalhadores traumatizados. Diante disso, a empresa foi pressionada a levar psicólogos nos atendimentos emergenciais. Mesmo com alta demanda de serviços em 2014, não houve acidente. Isso porque os trabalhadores passaram a adotar algumas medidas fundamentais.

O reconhecimento do perigo constante e as cobranças feitas à direção da empresa ajudaram. A restrição de trabalhos noturnos e a qualificação dos trabalhadores para a execução das tarefas também. No entanto, Júlio ressalta que a segurança do trabalhador nunca deve ser menosprezada. “O comprometimento precisa ser a cada chamado, a cada demanda. Nunca pode haver descuido e os treinamentos precisam ser periódicos”, destaca.