A dívida pública federal (DPF) cresceu 1,79% em dezembro, mais do que o triplo da inflação oficial daquele mês (0,51% pelo INPC, medido pelo IBGE). Agora, ela soma R$ 1,866 trilhão, aumento nominal de R$ 32,81 bilhões no último mês de 2011, segundo relatório da Secretaria do Tesouro Nacional. No acumulado do ano passado, a DPF cresceu 10,17%, o equivalente a R$ 172,3 bilhões, contra inflação de 6,1% pelo INPC. 

O crescimento da dívida pública mês passado resultou da emissão de R$ 38,66 bilhões em títulos, dos quais 78,68% com remuneração prefixada, contra resgates de títulos no valor de R$ 25,92 bilhões. Essa operação resultou em uma emissão líquida de R$ 12,74 bilhões em títulos, que se somaram aos R$ 17,49 bilhões pagos em juros no mês para aumentar a dívida.

O aumento do endividamento em 2011 foi resultado das despesas com juros, no valor de R$ 211,52 bilhões, e de menos resgates líquidos de títulos em poder de terceiros, no total de R$ 39,20 bilhões.

No geral, os resgates foram de R$ 84,20 bilhões, neutralizados, em parte, pela capitalização de R$ 45 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“O crescimento da dívida resulta do padrão de financiamento ao qual o país está submetido, dependente dos credores (rentistas) e da boa vontade do mercado financeiro”, comenta o economista Paulo Passarinho, do Conselho Regional de Economia (Corecon-RJ).

Para Passarinho, o conceito de dívida líquida (desconta o valor das reservas internacionais) é uma distorção, que desvia a atenção do problema do endividamento crescente:. “Enquanto a dívida interna se aproxima dos 65% do PIB, as contas externas apresentam déficit cada vez maior. E o governo não reage”, critica.

(Monitor Mercantil, 1.º/02.12)