O presidente Lula, na Etiópia – Reprodução/Canal Gov

Em entrevista coletiva neste domingo, (18), o presidente Lula comparou o massacre promovido pelas forças militares de Israel contra a população na faixa de Gaza ao genocídio promovido por Adolf Hitler contra os judeus na Segunda Guerra Mundial.

“Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou o presidente antes de deixar a Etiópia, país onde ele participou da 37ª Cúpula da União Africana. O presidente retorna neste domingo para o Brasil.

A fala de Lula ocorre após vir à tona, nesta semana, que cinco pacientes do hospital Nasser, em Gaza, morreram após a unidade ter o fornecimento de oxigênio cortado em meio aos ataques israelenses.

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos afirmou que a operação no hospital Nasser parece ser “parte de um padrão de ataques das forças israelenses contra infraestruturas civis que são essenciais para salvar vidas em Gaza, em particular hospitais”.

A situação na Faixa de Gaza foi o principal tema da viagem de cinco dias de Lula, primeiro ao Egito e depois a Adis Abeba. Segundo a Folha de S. Paulo, no sábado (17) o presidente teve um encontro bilateral, às margens da cúpula da União Africana, com o primeiro-ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh, no qual ouviu de seu interlocutor que a situação em Gaza configura um genocídio.

Biden defende cessar-fogo imediato 

Na sexta-feira, (16), o presidente dos Estados Unidos e principal aliado de Israel, Joe Biden, defendeu um cessar-fogo imediato na região para que pudessem ser retirados os reféns do território palestino.

“Defendo firmemente a ideia de que deve haver um cessar-fogo temporário para tirar os prisioneiros, para tirar os reféns”, disse Biden na Casa Branca. O presidente acrescentou que teve conversas “exaustivas” com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, sobre esse assunto e que as negociações estão “em andamento”.

Ao longo da semana passada, representantes dos mediadores do conflito – Estados Unidos, Catar e Egito – se reuniram no Cairo para tentar alcançar um acordo que inclua a interrupção dos combates e uma troca de reféns do Hamas por prisioneiros palestinos detidos em Israel.

Na quinta-feira, (15), Turquia e Egito manifestaram conjuntamente um pedido de cessar-fogo imediato, assim como o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que criticou os ataques israelenses e afirmou que “não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel, a pretexto de derrotar o Hamas, estar matando mulheres e crianças, coisa jamais vista em qualquer guerra que eu tenha conhecimento”.

Depois que o jornal The Washington Post informou que vários países, incluindo os Estados Unidos – principal aliado político e militar de Israel– estão trabalhando em uma proposta para um plano de paz duradouro que aborda o reconhecimento do Estado palestino, Netanyahu se pronunciou contra essa medida e afirmou não ter recebido “nenhuma proposta nova” do Hamas sobre a libertação de reféns.

Navalny 

Em sua entrevista antes de deixar a Etiópia, Lula ainda comentou sobre a morte do principal opositor de Putin na Rússia, o político Alexei Navalny, ocorrida na sexta-feira, (16). O presidente brasileiro questionou a pressa em se querer acusar alguém pela morte, que ainda está sob investigação.

“Se a morte está sob suspeita, você tem que primeiro fazer uma investigação para saber do que o cidadão morreu. Vamos acreditar que os médicos legistas vão dizer. O cara morreu disso ou daquilo, para você poder fazer um pré-julgamento. Porque se não você julga agora que foi alguém que mandou matar e não foi e depois você vai pedir desculpas”, afirmou o petista.

Na sequência, ele ainda lembrou do episódio da morte da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco. “Para que essa pressa de acusar alguém? Você sabe há quantos anos estou esperando o mandante do crime da Marielle? Seis. E não estou com pressa de dizer quem foi.”

Navalny, de 47 anos, estava preso na Rússia desde 2021. Em nota divulgada na sexta-feira, o Serviço Penitenciário Federal russo informou que ele morreu após se sentir mal durante uma caminhada.

Por Brasil de Fato | Publicado em