Companheiros e companheiras gerentes da Eletronorte,

A conjuntura atual, onde estamos vivenciando a maior pandemia da história da humanidade e a privatização mais danosa da história do Brasil, impõe a todos nós uma reflexão sobre o nosso papel na sociedade, enquanto cidadão e trabalhador de uma empresa estatal.

Lutar por uma sociedade justa e sem as enormes diferenças sociais, hoje existentes é um dever de todos nós, como cidadãos, principalmente daqueles que tiveram mais oportunidades, como nós. Lutar contra a privatização da Eletrobras, pelo nosso emprego, pela continuidade de nossa carreira profissional e pelo sustento de nossas famílias, também é uma obrigação, enquanto trabalhadores.

Lutar contra a privatização da Eletrobras, contra a entrega deste patrimônio público de valor inestimável para o País é ser brasileiro, é ser patriota, é defender o Brasil, é dever de todo cidadão responsável.

Mesmo aqueles que são favoráveis a privatização da Eletrobras, não podem enquanto brasileiros responsáveis, fechar os olhos para as inúmeras irregularidades denunciadas pelo próprio Tribunal de Contas da União – TCU, e para a forma truculenta como o governo vem conduzindo este processo, como todos puderam perceber na aprovação pela Câmara, Senado e TCU. Valeu tudo! Até a presença do “homem da mala” distribuindo dinheiro público disfarçado de emendas parlamentares. É também dever daqueles que defendem a privatização, no mínimo, exigir que ela ocorra de forma correta e sem prejuízo a população brasileira. Defender a privatização da Eletrobras com todas as irregularidades existentes e com prejuízos ao País é ser conivente com aqueles que querem “entregar” este patrimônio do povo brasileiro de “mão beijada”, completamente subavaliado, como constatou o TCU, para a iniciativa privada, que não investiu nenhum tostão na Eletrobras, ganhar “rios de dinheiro” às custas do sofrimento do povo brasileiro.

Companheiros e companheiras gerentes, nós profissionais da Eletrobras ajudamos, com muito sacrifício, na construção desta grande empresa, a maior empresa de energia elétrica da América Latina, e sabemos das consequências para a sociedade que esta privatização representa, por isto temos a obrigação moral de denunciá-la para a população. Em hipótese alguma, independentemente do cargo que ocupamos na estrutura da empresa, podemos trabalhar pela entrega deste patrimônio, pois estaremos traindo a confiança que a sociedade depositou em nós. Nós, profissionais da Eletrobras sabemos que esta privatização trará como consequências a piora da qualidade dos serviços, o aumento na tarifa de energia elétrica, a perda de soberania energética, bem como a demissão de milhares de trabalhadores, inclusive a nossa.

Companheiros e companheiras gerentes, todos nós sabemos que vocês são indicados pela alta gestão da empresa, mas nem por isto o gerente tem que seguir cegamente as determinações dos diretores da empresa. Os diretores passam e dependendo de seus “padrinhos políticos” e dos “serviços prestados” ao governo de plantão, são indicados para outras empresas. Os gerentes, podem até perderem os cargos, mas permanecem na empresa, porque são profissionais concursados e qualificados. Mas caso a privatização ocorra, também serão “descartados” impiedosamente e jogados na lixeira como qualquer outro trabalhador.

Companheiros e companheiras gerentes, este governo “entreguista” passará, a diretoria também e nós trabalhadores da Eletrobras permaneceremos, se a nossa luta contra a privatização tiver êxito, e isto, também depende de vocês.

Companheiros e companheiras gerentes, é muito importante que nossas relações profissionais e interpessoais sejam mantidas no mais alto nível. Sabemos da importância do corpo gerencial, mas não podemos aceitar que o gerente seja um mero “chefe”, que se impõe pelo medo, ou um “capataz”, que segue à risca às ordens dos diretores, sem uma reflexão mais profunda. No nosso entendimento, o gerente é um líder que contagia a equipe por meio de atitudes e bons exemplos. Precisamos de líderes e não de “chefes” ou “capatazes”.

Companheiros e companheiras gerentes, os líderes são respeitados, admirados e gozam de grande respeitabilidade ente os seus liderados, principalmente porque têm a coragem de contrariar as ordens equivocadas dos diretores, porque vão contra os interesses maiores do País. Líder é aquele que tem a coragem de sacrificar o seu próprio cargo, quando não concorda com as determinações dos diretores da empresa, porque acima de tudo está a ética e a coerência.

Companheiros e companheiras gerentes, está na hora de decidirem de que lado da história querem ser lembrados. Do lado daqueles que ajudaram a privatizar a Eletrobras, que coagiram os trabalhadores a não fazerem greve em defesa de seus empregos, ou daqueles que lutaram, ombro a ombro, com os demais trabalhadores para evitar a mais danosa privatização da história do Brasil.

Companheiros e companheiras, este tempo tenebroso passará e novamente voltaremos a nos encontrar nos corredores da empresa, nos elevadores e nas nossas salas de trabalho e é necessário pensar no dia do amanhã, é necessário refletir se as nossas ações, enquanto gerentes, foram coerentes com o que se espera de um líder. Será que alguns gerentes, que estão trabalhando pela privatização da empresa, e consequentemente pela demissão de seus liderados conseguirão olhar nos olhos destes trabalhadores? Será que estes gerentes terão condições morais e éticas de continuarem à frente de suas áreas?

Companheiros e companheiras gerentes não somos inimigos ou adversários. Somos colegas, amigos e até companheiros. Somos trabalhadores e estamos do mesmo lado. A sua participação na luta contra a privatização da Eletrobras é fundamental para o nosso sucesso. Juntos poderemos evitar a demissão de milhares de trabalhadores da Eletrobras, inclusive a sua. Junte-se a nós!

Companheiros e companheiras gerentes sabemos que a grande maioria de vocês está bastante preocupada e apreensiva com as consequências da privatização, por isto gostaríamos de convidá-los para participarem desta luta, que é de todos nós. Esperamos todos vocês no ato do dia 14, as 9h, em frente à sede da Eletronorte, por uma Eletrobras Pública e um Brasil Soberano.

Diretoria do Sindicato dos Urbanitários do DF