Sucateamento, demissões, privatização. É contra esse cenário que temos lutado todos os dias há 4 anos. Em 2019 nos foi imposto o pior “acordo” coletivo da nossa história, com a previsão explícita de centenas de demissões, e mesmo aqueles que não estão enquadrados como elegíveis para demissão nesse momento, sabem que é questão de tempo para que o “jacaré” também abra sua boca pra cima deles. Privatizar o Brasil é o principal projeto dos dois últimos governos, e a Eletrobras, especialmente a Eletronorte, é o principal alvo.

Somado a esse cenário caótico, dezenas de milhares de brasileiros morreram por um vírus que alterou o mundo que conhecíamos, mais da metade da população economicamente ativa está sem trabalhar, mais de 750 mil empresas já faliram até o presente momento, e na Eletronorte se avizinha um processo de desligamento completamente desnecessário e irresponsável pela forma como tem sido imposto pela Eletrobras e o governo entreguista de Bolsonaro.

O STIU-DF tem atuado no sentido de tentar minimizar os danos desse governo inimigo declarado dos trabalhadores. Além da luta titânica contra a privatização, tentamos garantir ao máximo a manutenção do nosso ACT e diante da realidade das demissões atuamos com firmeza e conseguimos evitar a primeira leva de demissões em janeiro, protelando o processo para setembro e garantindo o plano de saúde aos desligados até 2022. É o melhor desfecho? Certamente não. É difícil ver colegas, trabalhadores e trabalhadoras que dedicaram décadas à construção desta grande empresa sendo simplesmente descartados e deixando a Eletronorte perigosamente carente de quadros técnicos.

Os desligamentos estão previstos para iniciar em setembro, e o processo é repleto de incertezas. Em um universo de quase 850 estão previstos 324 desligamentos. Quem são? Não se sabe. Quais critérios? O maior peso é uma ferramenta incompleta e subjetiva. Há um plano para os processos que serão afetados? Parece que não. Há necessidade de ocorrerem os desligamentos em plena pandemia? Obviamente não. A partir “de”, não significa “em”. O que a Eletronorte conseguiu até agora? Colocar colegas contra colegas, adoecer os que são elegíveis e causar insônia em quem está prestes a perder o emprego em pleno cenário de pandemia.

O STIU/DF sempre lutou por melhores condições de trabalho e manutenção do emprego. Independentemente das posições políticas e dos cargos que ocupam na hierarquia da empresa sempre respeitamos e valorizamos todos os trabalhadores/as, sem exceção. Muitos destes técnicos, sem poderem aparecer e seguindo o patamar ético permitido ajudaram a desenrolar grandes entraves que permitiram que a Eletronorte estivesse no patamar de hoje, como, por exemplo, o licenciamento ambiental da UHE Belo Monte, dentre tantos outros. Repudiamos qualquer atitude vinda da empresa ou dos próprios trabalhadores que possam prejudicar a imagem dos nossos técnicos.

Estamos diante de uma situação delicada que exige de nós a capacidade de nos reinventar. Assim fizeram todos os trabalhadores e trabalhadoras que deram o melhor de si em uma situação inusitada e mantiveram os processos da empresa com excelência neste momento de pandemia. Essa é a postura esperada da gestão da Eletronorte, a capacidade de reinventar e interpretar o que está escrito: a partir “de”, não significa “em”. Respeito, consideração e humanidade é o que se espera.

O que fazer? Apenas reclamar? Buscar alguém em quem por a culpa? Desesperar-se? Para o STIU-DF nenhuma dessas alternativas trará qualquer benefício concreto. Não desistimos de denunciar o crime que está ocorrendo em nossa empresa, com o desligamento sem planejamento, de excelentes técnicos e que põe em risco o funcionamento do sistema elétrico brasileiro. Vamos até o fim para defender a categoria, a Eletronorte e cada trabalhador salvo é pra nós motivo de muita alegria.