O ano de 2008, tal com foi o anterior, já se apresenta com enormes desafios a serem enfrentados pela classe trabalhadora no Brasil. A elite dominante, representada politicamente pelo DEM e pelo PSDB, projeta claramente a substituição da estratégia das grandes reformas – a sindical, trabalhista e a previdenciária – pelo ataque no varejo aos direitos dos trabalhadores. Foi o caso da malfadada “Emenda 3” e, mais recentemente, de artigo da Lei n.º 11.648/2008 prevendo a fiscalização das entidades sindicais pelo TCU, ambos dispositivos vetados pelo presidente Lula. Além disso, depois do fracasso imposto pelas centrais sindicais no Fórum Nacional de Previdência Social (FNPS), os patrões já indicaram que não desistirão da idade mínima para a aposentadoria no INSS nem da alteração do benefício da pensão por morte.
Diante dessa conjuntura, o movimento sindical não deve se limitar à ações de resistência. Os trabalhadores devem continuar atuando dentro de uma agenda positiva. Nesse sentido, a CUT demonstra acerto ao abrir campanhas, em conjunto com outras centrais, pela redução da jornada de trabalho e pelo fim das demissões arbitrárias (ratificação pelo Brasil da Convenção 158 da OIT). A Federação Nacional dos Urbanitários (FNU-CUT) também encaminhou corretamente a luta pela volta da aposentadoria especial para os eletricitários, capciosamente seqüestrada pelo governo tucano.
Mas é preciso ir além. O combate franco às políticas de privatização e terceirização de mão-de-obra, bem como a luta pela completa eliminação do “entulho neoliberal” herdado do governo FHC, constituem tarefas que não podem ser deixadas em segundo plano pela classe trabalhadora. É preciso também que a CUT promova o debate sobre o papel das agências reguladoras, que, até agora, não fizeram mais do que garantir um “porto seguro” à voracidade do capital.
A atuação estratégica, articulada com as lutas mais prioritárias, constitui-se no melhor caminho para a ampliação dos direitos e para novas conquistas dos trabalhadores.