Às vésperas de fim do ano, a direção da Eletrobras demonstra, mais uma vez, que os trabalhadores e trabalhadoras não são o maior patrimônio e o pilar das empresas. O cancelamento do mérito relativo ao ano de 2017 e as alterações das instruções normativas que ferem os ACTs vigentes são a prova de que a gestão de pessoas está sendo focada em desqualificar, subestimar e menosprezar o quadro de pessoal.

Com o novo governo prestes a assumir, parece que mostrar serviço virou a ordem do dia. Ou seja, “quem mais demitir, perseguir e retirar conquistas” ganha o passaporte para continuar em funções gerenciais e na diretoria. Isso sem nem sabermos ainda qual será o projeto para a maior empresa de geração e transmissão do setor elétrico na América Latina.

Já aqui em nossa casa, esperamos que a Eletronorte reflita sobre os impactos que essas medidas trarão ao nosso clima organizacional, já prejudicado por outros fatores.

Desde agosto sem ter contato com o presidente empossado, apenas agora a categoria da Eletronorte parece que terá a oportunidade de ouvir o atual presidente dizer a que veio.

A missão de diminuir o tamanho da sede tem sido cumprida com rigor. São sucessivos planos de desligamento, reformas para abrigar muitos em espaços apertados, salas sem janelas e reestruturações que desestruturaram processos. Esses fatores, somados a não concessão do mérito e a possíveis perdas de direitos e benefícios conquistados em longos processos de mobilização e de luta, resultam no que hoje vemos na Eletronorte: um clima organizacional ruim, pessoas tristes, desmotivadas e adoecendo. Os trabalhadores e trabalhadoras, que constroem essa grande empresa, estão deixando de ser protagonistas dessa história.

Atos de gestão cotidianos aumentam a insatisfação da categoria. Exemplo disso é a incoerência da direção da empresa ao chamar um grupo seleto de trabalhadores para sensibilizá-los (pressioná-los) a aderir ao último PDC.

Na contramão, essa mesma gestão retira outros trabalhadores do PDC. Apesar de ser uma prerrogativa da empresa aceitar ou não a saída de quem se inscreveu, é um grande contrassenso pinçar um único trabalhador, como se ele fosse insubstituível. Com essa atitude, que também desmoraliza o PDC, a Eletronorte supervaloriza apenas um quadro em detrimento de outros trabalhadores e trabalhadoras que também são altamente técnicos na área de geração, transmissão, gestão de pessoas, financeiro e jurídico.

A grande contradição é que relatórios internos da própria empresa apontam a falta de mão de obra qualificada em diversas gerências. Nesse sentido, se o processo de aceitação ou não fosse realmente sério, alguns trabalhadores e trabalhadoras não poderiam deixar a empresa e neste momento outros, deveriam ser convencidos a permanecer em função da sua alta capacidade técnica e profissional.

Está muito claro nos relatórios internos que são falhos e até mesmo inexistentes os mecanismos de retenção e repasse do conhecimento, deixando descobertos diversos processos. A direção da empresa esquece que a reestruturação poderia ser melhor absorvida pela categoria se houvesse uma discussão franca, transparente, com respeito e dignidade para com quem construiu essa empresa. No entanto, não é isso que temos presenciado, pois a direção da Eletronorte confunde humildade com submissão.

A categoria quer saber se a atual diretoria se sente confortável em patrocinar essa perda de conhecimento e tem plena consciência de que seus nomes entrarão para a história como incentivadores do desmonte da empresa.

São perguntas ainda sem respostas. Com a palavra, a direção da Eletronorte.

Sindinorte 12/12/2018