Por um lado, o governo alardeia rombo no orçamento e pressiona pela aprovação da reforma da Previdência, que se for aprovada, fará com que as pessoas trabalhem por mais tempo para quando se aposentar ganhem menos. Na contramão desse discurso de austeridade, foi aprovado nesta quarta-feira (7) reajuste de 16% no salário dos juízes, que passará de R$ 33 mil para quase R$ 40 mil.

O salário dos juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) representa o teto salarial do funcionalismo público. Nesse sentido, o reajuste também impactará, em efeito cascata, no salário do presidente da República, senadores, deputados federais, ministros de Estado, governadores, secretários, etc. O aumento representará para os cofres públicos mais de R$ 4 bi por ano.

“Desde o impeachment, as reformas que fizeram foram para manter os privilégios dos mais ricos em detrimento dos diretos das trabalhadoras e trabalhadores mais pobres do Brasil”, destaca o dirigente sindical do STIU-DF, Victor Frota.

E a manutenção desses privilégios não para por aí. A proposta de reforma da Previdência que está no Congresso, não mexe na aposentadoria de políticos, militares nem da magistratura. As propostas estudadas pela equipe econômica de Bolsonaro também não. Na verdade, uma das dez em análise é ainda pior.

Só para se ter uma noção do grande disparate, o ex-presidente da República e do Senado, José Sarney, recebe mensalmente de aposentadoria um somatório de benefícios que passam de R$ 73 mil reais. Foi o que verificou levantamento feito pelo jornal O Globo.

Militares

Segundo reportagem do site Poder 360, o futuro ministro de Ciência e Tecnologia de Bolsonaro, o ex-astronauta e militar, Marcos Pontes, se aposentou aos 43 anos de idade. Hoje, recebe aposentadoria que ultrapassa R$ 10 mil.

Como se aposentam bem mais cedo do que os trabalhadores civis, os militares contribuem por pouco tempo. Além disso, os militares de alta patente, que recebem salários altos, não contribuem proporcionalmente ao que vão receber de aposentadoria. Por isso, o rombo na Previdência os militares é estrondoso.

Segundo reportagem do Valor Econômico, as contribuições dos militares da ativa representam o montante de R$ 2,93 bilhões. Enquanto isso, a aposentadoria dos militares da reserva consumirá dos cofres públicos este ano R$ 42,6 bilhões.