Tudo leva a crer que o governo não deve conseguir os 308 votos necessários para aprovar a reforma da Previdência. Mas, por outro lado, essa postura de quase ter “jogado a toalha” pode ser uma estratégia de Temer para desmobilizar a classe trabalhadora.

Na avaliação do diretor do STIU-DF, os trabalhadores precisam continuar alertas e mobilizados. “Não podemos vacilar. O governo pode aproveitar as datas festivas como o Carnaval para tentar aprovar essas matérias”, alerta.

O fato é que a articulação política de Temer continua atuando sistematicamente para aprovar a PEC 287/16, que fará as pessoas trabalharem por mais tempo sujeitas a ganhar menos.

De acordo com levantamento do governo, ainda estariam faltando cerca de 40 votos. O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, chegou a dizer na semana passada que “não há votos para aprovar a reforma da Previdência”.

Mas a equipe de Temer continua trabalhando com a liberação de emendas, cargos, mudanças ministeriais, terrorismo psicológico com as contas públicas e até novas alterações no texto. Além disso, o governo pretende conseguir os votos que ainda faltam com mais agrados a ruralistas.

Os deputados latifundiários estariam dispostos a aprovar o texto se as medidas restritivas ao uso de agrotóxico fossem menos rigorosas. Essa seria a moeda de troca para aprovar a reforma da Previdência e, inclusive, a privatização do setor elétrico.

O Brasil é um dos países que mais usam agrotóxico nas plantações. No entanto, o consumo de alimentos com veneno pode causar doenças graves.

Pesquisas do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana, da Fiocruz, mostram a possibilidade de alterações na função de hormônios da tireoide, antecipação da primeira menstruação, diminuição da fertilidade masculina e desenvolvimento de alguns tipos de câncer.

“Um governo que não se preocupa com a saúde da população demonstra que está disposto a qualquer coisa para atingir seus interesses. Não podemos subestimar Temer e sua equipe, pois eles já demonstraram que não têm limites”, avalia Victor. “Só nos resta continuar mobilizados e firmes na luta para derrotarmos essa proposta”, acrescenta.