O presidente Pinto se intitula um excepcional vendedor e, como tal, mente. Mente muito, dissimula, engana. Mente tanto, exageradamente, que a partir de agora este texto vai chamá-lo de Pintóquio (em homenagem ao boneco mentiroso e cara de pau dos contos infantis). Pensando bem, o Pinto é o próprio Pinóquio. Mentiroso, cara de pau e boneco ventríloquo dos fundos de investimentos nacionais e internacionais, a exemplo da 3G Radar, do Paulo Leman, que querem tomar de assalto nossas empresas.

Pois bem, nosso Pintóquio se vende como um executivo de valor. Um homem sem ligações partidárias, apenas um “técnico brilhante” que veio “salvar” a Eletrobras da influência política. Mas será mesmo que o Pintóquio é tão alheio assim à política? Será que vamos acreditar piamente que todas suas decisões são meramente técnicas e preocupadas com o futuro das NOSSAS empresas?

Este boletim se propõe a lançar luz em alguns pontos obscuros da biografia do mentiroso de valor. Pintóquio começou sua carreira de executivo como diretor da Companhia Energética de São Paulo (CESP), uma empresa estatal paulista, na qual entrou como estagiário. Seria uma bela história de meritocracia não fosse por um detalhe: o governo que o promoveu a Diretor de Distribuição era o de Mario Covas, do PSDB.

Este boletim consultou os dados de filiação partidária do Pintóquio no site oficial http://dados.gov.br/dataset/filiados-partidos-politicos e descobriu o óbvio. Em 20 de junho de 1992, dois anos e seis meses antes de assumir o cargo, Pintóquio, ou o eleitor Wilson Ferreira Junior, se filiou ao PSDB.

O mentiroso de valor, que veio acabar com a influência política na Eletrobras, começou a carreira como um indicado político! Sua carreira decolou graças a uma indicação política. Revela-se assim a penugem tucana do atual CEO da Eletrobras. Depois desse início clássico, Pintóquio fez como outros tucanos como o prefeito de São Paulo, João Dória. Enveredou pelo caminho do lobby empresarial, a fim de mascarar sua filiação partidária e sua ideologia de destruição do Estado.

Antes, claro, ajudou a privatizar parte da CESP e a CPFL, que ele veio a presidir em 2002. Entre CESP e CPFL, ficou quatro anos como presidente da Rio Grande Energia, recém privatizada na época. Ou seja, o mentiroso de valor é um especialista em vender patrimônio público em troca de cargos na presidência destas companhias. Paralelamente a esta atividade de destruir o Estado, Pintóquio exercia suas atividades de lobby na Associação Brasileira da Infraestrutura e das Indústrias de Base (Abdib) na qual é conselheiro atualmente, tendo exercido o cargo de presidente executivo no passado.

E foi justamente este “técnico, sem filiação partidária”, que veio parar na Eletrobras. Disse que era para resgatar a companhia e mantê-la estatal. Mas com esse histórico, só quem é bobo acreditou. Veio, como se prova agora, destruir nossa empresa.

AO ASSUMIR, PINTÓQUIO DISSE QUE NÃO IRIA PRIVATIZAR AS EMPRESAS

As mentiras não param por aí. Desde que assumiu, o Pintóquio disse diversas vezes que não iria privatizar Furnas, Chesf, holding. Apenas as distribuidoras e participações em SPEs eram alvo da sua vontade incontrolável de vender tudo o que é público. Disse tantas vezes, que foi gravado reafirmando essa promessa, como denunciou o jornalista Luis Nassif, no site GGN, publicando esse vídeo (https://jornalggn.com.br/noticia/presidente-da-eletrobras-era-contrasua-privatizacao).

No vídeo, nosso Pintóquio aparece como um ardoroso nacionalista, defensor da Eletrobras: “A EDP é uma empresa ESTATAL francesa de grande porte, fornecedora internacional. Estamos vendo aqui a chegada de várias empresas chineses, todas elas ESTATAIS. Eu acho que o Brasil tem que ter a SUA boa ESTATAL DE ENERGIA, grande suficiente, que é a Eletrobras com suas Subsidiárias. Se a gente vai poder dispor de participação minoritária, pode fazer, mas PRIVATIZAR EU SOU CONTRA. (…) Para que ela [Eletrobras] possa fazer esses papéis de desenvolvimento… Ela tem uma função estratégica nos projetos estruturantes e é uma companhia que sempre se envolveu com isso… Em projetos internacionais… O Brasil tem um papel de integração na América Latina…”, disse o Pinto na ocasião.

Mas o mentiroso de valor não mudou de opinião. Ele sempre foi contra a Eletrobras estatal. Por isso tanto esforço desmerecendo os “vagabundos” que construíram essa empresa e a mantém de pé, apesar de tudo. Não são poucos os boletins em que denunciamos os ataques do Pintóquio contra a empresa e contra seus empregados.

Para quem ainda insiste em acreditar no Pintóquio, vamos a mais uma prova da mentira. No dia 21 de junho de 2017, dois meses antes do anunciarem a privatização da companhia, o Pinto foi ao Instituto FHC, em São Paulo, para participar do debate “Reestruturação do setor elétrico: lições do passado recente e desafios do futuro”. http://fundacaofhc.org.br/iniciativas/debates/reestruturacao-do-setor-eletrico-licoesdo-passado-recente-e-desafios-do-futuro).

Na ocasião, Pintóquio já sinalizava sua intenção. “Quando cheguei à Eletrobras há 10 meses, a situação era caótica. O desafio deste primeiro ano tem sido estabilizar a operação, por meio de privatização (da área de distribuição) e venda de participações, racionalização de custos e investimentos e melhor governança. E depois, que caminhos vamos seguir?”, indagou Pinto Jr. a seu padrinho, o príncipe do apagão Fernando Henrique Cardoso.

Pinto pedia, claramente, a benção para abrir o saco de maldades contra a Eletrobras. E seu padrinho não o desapontou: “dada à experiência brasileira, o que puder ser privatizado, é melhor privatizar”, disse FHC. A reunião com o alto escalão tucano só reafirma a proximidade de Pintóquio com o PSDB, que, como revelamos, vem de longa data. Assim, cai a máscara do homem de “perfil técnico” e se revela o caráter eminentemente político da indicação do Sr. Wilson Pinto Jr.

A pergunta que não quer calar agora é: alguém aí ainda acredita no Pintóquio? Quem criou esse boneco? Quem seria o Gepeto do Pintóquio? Quem está ajudando a melhorar sua imagem, modelar seu discurso e florear suas mentiras? Quem foi contratado, sem licitação, para ser o grilo falante do Pintóquio?

BOLETIM CNE 24.11.2017