O Coletivo Nacional dos Eletricitários, junto de especialistas, parlamentares e trabalhadores do setor elétrico, participaram na terça-feira, 10, de mais uma audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, dessa vez para discutir “a Privatização do Setor Elétrico e os impactos na vida dos trabalhadores e trabalhadoras”. O debate foi convocado pela Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP).

Os participantes afirmaram que a privatização da Eletrobras e suas subsidiárias provocarão, imediatamente, no setor a demissão em massa dos eletricitários e eletricitárias com ampliação irrestrita da terceirização e, consequentemente, o aumento nos índices de acidentes e mortes no local de trabalho. A medida será responsável pela insegurança energética, ocasionando danos ao sistema interligado, como a volta dos apagões.

O representante da Federação Nacional dos Urbanitários, Nailor Gato, pontuou que é evidente o conflito de interesses na venda da Eletrobras. Ele explicou que o secretário executivo de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, é ligado ao fundo de private equity GP Investimentos. GP é Garantia Partners, que comprou a Cemar (Centrais Elétricas do Maranhão) quando essa estava sob intervenção da Aneel depois de ter sido devolvida pela Pennsylvania Power and Light, que perdeu 330 milhões de dólares na primeira privatização da Centrais Elétrica do Maranhão e a entregou de volta por 1 dólar. Além disso, ele é conselheiro em todas as empresas do Grupo Equatorial, que atua diretamente no setor elétrico privado.

Na ocasião, os dirigentes sindicais rebateram com dados reais o argumento do presidente da Eletrobras, Wilson Pinto, e do governo federal, a cerca da ineficácia das estatais. Destacou-se que, além da retomada do lucro nas empresas, o operacional nunca deixou de obter bons resultados.

Como exemplo, a representante da CNU, destacou o ocorrido em Luziânia, cidade próxima à Brasília, onde cerca de 150 trabalhadores e trabalhadoras de Furnas se revezaram durante 9 dias para recomposição de 10 torres da linha Corumbá-Brasília, de 345 KV, atingidas por um vendaval de 215km/h. O restabelecimento da linha de transmissão estava previsto para o dia 12. No entanto, com o empenho e compromisso dos trabalhadores com a sociedade, o trabalho foi concluído na segunda-feira, dia 09.

Na mesma região, outras 10 torres de linhas de transmissão, gerenciadas pela empresa privada State Grid, sofreram queda e até o momento não foram estabelecidas. Destaca-se que os trabalhadores terceirizados estão atuando em condições precárias.