De acordo com especialistas, dirigentes sindicais e parlamentares, a demissão em massa, a ampliação da terceirização e o aumento nos índices de acidentes de trabalho são algumas das consequências da privatização do setor elétrico na vida dos trabalhadores.

Na manhã desta terça-feira (10), a Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP) da Câmara realizou uma audiência pública para discutir a privatização do setor elétrico brasileiro e o impacto para os trabalhadores. A atividade foi proposta pelos deputados Assis Melo (PCdoB-RS), Erika Kokay (PT-DF) e Leonardo Monteiro (PT-MG).

A dirigente sindical do STIU-DF, Fabiola Antezana, ressaltou que o que está por trás da venda da Eletrobras é a intenção do lucro rápido e fácil, que, consequentemente, leva à exploração da classe trabalhadora.

Ela explicou que após a empresa China Three Gorges assumir duas usinas em São Paulo, Ilha Solteira e Jupiá, dezenas de trabalhadores foram imediatamente demitidos. “O leilão era muito claro que o que estava se vendendo eram os ativos, ou seja, a carcaça do investimento, e esses trabalhadores não faziam parte do processo. Todos foram demitidos, e quase que instantaneamente tiveram proposta de realocação nas mesmas funções, mas recebendo muito menos”, destacou a dirigente.

O técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – Dieese, Gustavo Teixeira, apontou diversos impactos iniciais com a privatização, entre eles o aumento das tarifas excluindo os mais pobres do acesso ao serviço, a precarização das condições de trabalho influenciando diretamente no aumento dos acidentes e mortes no setor, além da deficiência regulatória.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) disse que a privatização do setor elétrico na década de 90 trouxe enormes prejuízos para o país. “A Bahia foi o laboratório do desmonte. Sofremos um impacto brutal em relação ao processo de distribuição elétrica, isso aconteceu nos diversos estados brasileiros. As estrangeiras ao receberem a concessão para exploração da distribuição da energia elétrica geraram aumento de preços, acidentes de trabalho, geraram a terceirização generalizada, o ataque ao sistema sindical.  Na ocasião, a deputada reafirmou o compromisso do partido com a luta em defesa das estatais do setor elétrico.

Para a deputada Erika Kokay (PT-DF) o governo, à custa dos trabalhadores, está promovendo um ataque aos direitos trabalhistas para pagar a conta do golpe em andamento. “Esse processo de privatização caminha junto com a lógica de precarização das relações e condições do trabalho. Vão transformar o Brasil em empregado das nações mais ricas. Consolidando a subalternização do país”, afirmou.