Armazenamento de carbono e eficiência energética são algumas das áreas cujos recursos do Fundo poderão ser aplicados

Armazenamento de carbono e eficiência energética são algumas das áreas, cujos recursos do Fundo Nacional sobre Mudanças Climáticas poderão ser aplicados, segundo agentes ouvidos pela Agência CanalEnergia. Regulamentado na última quarta-feira, 27 de outubro, o objetivo do FNMC é assegurar recursos para apoio a projetos ou estudos e financiamento de empreendimentos que visem à mitigação das mudanças do clima. O orçamento inicial do fundo clima previsto para 2011 é de R$ 226 milhões, segundo o Ministério de Ciência e Tecnologia.

De acordo com o coordenador do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico Brasileiro (FMASE), Luiz Fernando Vianna, estudos voltados ao carbon storage, que é o armazenamento de gases de carbono emitidos por termelétricas, são uma das oportunidades de aplicação dos recursos no setor. “Com a tendência de se construir usinas a fio d’ água, há necessidade de se constituir uma base térmica para firmar essa energia e uma das fontes interessante para a geração de base são as plantas a carvão. É uma pesquisa que está sendo feita no mundo inteiro e no Brasil não temos praticamente nada de pesquisa sobre carbon storage,” disse.

O carbono gerado por essas plantas, segundo Vianna, que seria armazenado no subsolo, em poços de petróleo que já foram utilizados, em minas antigas, seria impedido de chegar a atmosfera. “Estaria possibilitando, se tivermos sucesso nessa pesquisa, a geração de uma usina térmica, que tem vocação de gerar na base, sem emissao de CO2”, avalia.

A opinião é compartilhada pela diretora-executiva da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica, Silvia Calou. Segundo ela, os recursos do Fundo do Clima também poderão ser aplicados para a absorção dessa tecnologia no Brasil. “Nós vamos continuar precisando de alguma parte da nossa matriz em termelétricas para dar segurança ao sistema. Então o que nós consideramos é que essas emissões não devem ser motivo de penalização e sim de um desenvolvimento tecnológico que permita a mitigação dessas emissões”, avalia.

A eficiência energética também pode ser uma das contribuições do FNMC para o setor de energia, segundo Vianna. “Na medida em que se investe mais em eficiência energetica, se necessita construir menos geração. Entao seria uma utilização muito interessante do fundo”, destaca.

Segundo o ministério da Ciência e Tecnologia, as emissões brasileiras de gases de efeito estufa aumentaram cerca de 60% entre 1990 e 2005. O valor passou de 1,4 gigatoneladas para 2,1 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente. Responsável por 61% do total das emissões, o desmatamento é considerado o principal causador das emissões brasileiras, seguido pela agricultura, com 19%. De acordo com o ministério, o setor de energia aparece em terceiro lugar, com 15%.

Para Silvia, o setor elétrico não é o vilão das emissões no Brasil. “O foco na redução das emissões deve ser o desmatamento. “O setor elétrico tem um crédito ambiental histórico, devido ao investimento muito grande em fontes renováveis”.

(Fonte: Dayanne Jadjiski, Agência CanalEnergia)