Estudo analisa empresas de energia entre 1998 e 2009, quando na maior parte do tempo empresas perderam valor. Somente em 2007 se deu a recuperação

A perda de riqueza acumulada nas empresas do setor elétrico no período de 1998 a 2009 alcança o montante de R$ 49,3 bilhões ou R$ 222 bilhões, em valores atualizados, montante que será dificilmente recuperado por essas companhias, segundo estudo realizado pelo Instituto Acende Brasil em parceria com a consultoria Stern Stewart & Co. A pesquisa tem como objetivo mostrar o real nível da rentabilidade econômica histórica do negócio de energia elétrica no Brasil desde 1998, a partir do EVA – Valor Econômico Adicionado (Economic Value Added, em inglês).

Segundo Cláudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, os indicadores contábeis mais comuns como o lucro e a geração de caixa não são indicadores suficientes para mostrar se efetivamente o setor está ganhando ou perdendo valor com o passar do tempo. “O interessante é que a partir de 2007 o EVA dessas empresas, que era negativo até então, cruzou a linha de EVA zero, passando a ser levemente positivo”, explicou Sales. Atualmente, o EVA está em 0,3% do capital total.

De acordo com ele, o EVA é a medida de geração ou perda de riqueza que a empresa obtém a partir de cada ano de operação. “Se um investidor qualquer tem R$ 1 milhão ele pode decidir não fazer nada com o dinheiro e aplicar no título mais seguro, que é a Letra do Tesouro, e receber uma remuneração mínima, sem risco, ou investir em um empreendimento qualquer. Para o EVA ser positivo, o retorno obtido com o investimento em um empreendimento tem que ser maior do que o retorno que se teria ao aplicar o dinheiro em Letra do Tesouro, por exemplo”, explicou o executivo em entrevista à Agência CanalEnergia.

Durante os anos de 1998 até 2007, ainda segundo Sales, o setor elétrico produziu um EVA negativo, ou seja, ao invés de gerar valor houve destruição de valor. “Mas durante quase todo esse período, a tendência era de correção desse valor”, disse. No entanto, a partir de 2000 se teve um EVA fortemente negativo, de acordo com Sales, em torno de R$ 7 bilhões naquele ano, mas a tendência continuava sendo de recuperação.

“Essa tendência foi abruptamente interrompida em 2002 em consequência do racionamento. Isso teve um impacto para baixo muito grande. Os anos de 2002 e 2003 foram terríveis, mas novamente se retomou essa tendência de correção, a ponto que em 2007, finalmente, o EVA passou a ser positivo”, declarou o executivo. Ele disse ainda que a perspectiva futura é que esse índice se mantenha positivo, assim como no resto do mundo, e se mantidos os padrões, possa até melhorar. “Assim, o setor volta a ser sustentável”, concluiu.

(Fonte: Carolina Medeiros, Agência CanalEnergia)