Os trabalhadores e trabalhadores do setor elétrico ao longo de décadas construíram um robusto Sistema Interligado Nacional capaz de realizar o intercâmbio energético entre 25 dos 26 estados da federação, mais o Distrito Federal e hoje mais de 99% da população brasileira está conectada a essa imensa rede.

Tudo isso foi construído com protagonismo das empresas estatais, com destaque para o grupo Eletrobras, que atua na geração, transmissão e na distribuição de energia em alguns dos estados com menor desenvolvimento econômico e social do país, principalmente, das regiões Norte e Nordeste.

Agora, o governo federal apresenta à sociedade uma radical proposta de mudança no marco regulatório e em toda a estrutura do Setor Elétrico Brasileiro. As consultas Públicas n° 32 e 33 do MME e o mais recente anúncio de privatização da Eletrobras se forem confirmadas trarão severas consequências ao futuro do país.

As consequências desse modelo que transforma a energia elétrica de um bem de interesse público em um simples produto de mercado serão desastrosas. A soberania nacional, segurança energética e o custo de energia serão diretamente atingidos com a privatização dos ativos das empresas estatais, bem como, a capacidade e o conhecimento técnico de quem constrói diariamente essa imensa rede de energia brasileira.

A complexidade do setor elétrico, especialmente no nosso caso, com forte presença da fonte hídrica, não deixa espaço para experimentalismos e aventuras. A construção de uma grande usina hidrelétrica, por exemplo, não é tarefa simples, exige muitos anos entre o planejamento e a entrada total em operação e, sobretudo, de profissionais comprometidos e capacitados, como são os profissionais do Sistema Eletrobras.

No caso específico da Eletronorte, nossa região de atuação ainda é mais desafiante, atravessamos do Cerrado à Amazônia, com mangues e áreas alagadas de difícil acesso, e ainda assim complexos hidrelétricos e linhas transmissoras que interligam os Estados da região Norte são construídas e mantidas diariamente há 44 anos.

Entendemos a necessidade de rediscutir o modelo de setor vigente, mas não podemos aceitar que o discurso de privatizar para fazer caixa seja o carro chefe dessa discussão. Deve-se analisar o impacto sobre a segurança energética do país, o impacto sobre as contas de energia dos brasileiros. E essas explicações o Governo não consegue fazer.

É fundamental reiterar que somente as empresas públicas podem se preocupar com preços acessíveis aos consumidores, com fortalecimento de economias locais, com o desenvolvimento de energias renováveis e controle de energias não renováveis, posto que as mesmas não visam somente o lucro, mas, também, a satisfação e melhoria das competências e necessidades de toda a população. Por isso, a proposta desse Governo, que pretende desestatizar o Sistema Eletrobras, diminuir a atuação de uma empresa estatal de tamanho porte e importância é um atentado à soberania nacional e à segurança energética. Pode-se dizer que é uma medida irresponsável e contrária ao desenvolvimento do Brasil.

A categoria eletricitária, que sempre desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento do Brasil, trabalhando de forma séria e responsável por décadas, não pode ficar alheia a essa discussão. Vamos defender o que é o melhor para o País. Uma Eletrobras pública, eficiente, que atenda à inserção regional dos locais menos favorecidos, ao desenvolvimento nacional, à segurança energética e à modicidade tarifária.

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