IELNO Plano de Carreira e Remuneração da Eletrobras (PCR) deveria promover a unificação do sistema elétrico, mas, da forma como está sendo proposto pela holding, demonstra a discriminação da diretoria da Eletrobras em relação aos trabalhadores e trabalhadoras da Eletronorte. Não bastasse ser esta a única empresa do setor elétrico a ter perdas reais com a redução em 50% do valor da promoção por antiguidade, a diretoria da Eletrobras ainda se recusa a negociar de fato a indenização por essa perda. A proposta apresentada – 1,1 salário-base – é um desrespeito aos trabalhadores e trabalhadoras da Eletronorte, sem dúvida os mais sacrificados nesse processo de unificação (veja abaixo as indenizações propostas pela Eletrobras às empresas que já possuem a promoção por antiguidade – o fator da Eletronorte é o menor deles). Além dessa falta de respeito, apareceu na mesa de negociação dos pontos pendentes do ACT específico a materialização dessa verdadeira chantagem.
Após dois dias de negociações e sem apresentar nenhuma proposta, os representantes da Eletronorte informaram que o pagamento do saldo do banco de horas – um dos principais pontos da pauta de reivindicações – está agora condicionado à aprovação do PCR. Tal postura por parte da empresa não nos surpreende, pois, durante todo o processo negocial, que já se arrasta por cerca de quatro anos, as atitudes da diretoria da Eletronorte sempre foram recheadas de respostas evasivas. A diretoria da empresa agora se esconde atrás de uma “autorização da holding Eletrobras”. Em protesto, o Sindinorte suspendeu as negociações até que a empresa apresente uma resposta decente e respeite seus trabalhadores e trabalhadoras.

Cadê a autonomia da Eletronorte?

Pelo que se supõe, a Eletronorte possui uma diretoria constituída e autonomia de gestão. Se sua diretoria, toda indicada por políticos, não tem o mínimo de poder de decisão, perde a razão de sua existência, restando-lhe apenas os altíssimos salários como finalidade de seus cargos, apoiados apenas por seus também muito bem remunerados assessores e assessoras, única esfera que mal lhe dá suporte. Se assim for, que venha logo a extinção das diretorias das empresas controladas e a consolidação de uma única e forte Eletrobras.
Segundo reportagem recentemente publicada no Jornal O Globo (27/06/2010), assinada pelo jornalista Bruno Vilas Boas, com base em dados da Comissão de Valores Mobiliários, os diretores da holding Eletrobras tiveram aumento médio de 35% nos últimos três anos. A reportagem enfatiza que a iniciativa privada recebeu 30% no mesmo período, enquanto os trabalhadores e trabalhadoras tiveram somente 22,75%.
Entendemos que a diretoria deveria fazer jus aos seus salários e se honrar, assumindo sua autonomia para negociar e respeitando a representatividade dos sindicatos.
Não adianta a empresa alegar que não tem autonomia e remeter a responsabilidade para a Eletrobras, pois trata-se de um assunto interno entre a empresa e seus trabalhadores e trabalhadoras. Para isso, temos as duas pautas, a específica e a nacional. Nunca é demais lembrar que, recentemente, usando de sua autonomia, a Chesf trouxe a gestão dos seus processos de aquisição para a diretoria da própria empresa, tirando da Eletrobras esse processo. Na verdade, nós sabemos o que quer fazer a Eletronorte: forçar os trabalhadores e trabalhadoras a aceitarem a implantação do PCR “goela abaixo”, pagando uma indenização aquém do realmente merecem os trabalhadores e trabalhadoras.

Reação ao descaso

Já vimos esse filme. Foi graças a ações como essa que a aprovação da Pauta Nacional só saiu depois de seguidas greves. A situação atual não deixa outra alternativa aos sindicatos, senão procurar as esferas competentes para denunciar o descaso da diretoria da Eletronorte com seus trabalhadores e trabalhadoras, “seu maior patrimônio”.
Dentro de um governo que se orgulha em ter trazido melhores condições aos seus trabalhadores e trabalhadoras, observamos que a diretoria está indo contra as determinações do governo LULA.

Assembleias dias 9 e 10

Nos dias 9 e 10 de setembro de 2010, serão realizadas assembleias extraordinárias em toda a Eletronorte para que os trabalhadores e trabalhadoras deliberem sobre a aceitação ou não do PCR. Será também votado o indicativo de paralisação para o dia 14 de setembro, como ato de repúdio à proposta acintosa feita pela Eletrobras. Na oportunidade, os representantes sindicais irão informar sobre o desdobramento da reunião ocorrida em Brasília e a resposta da empresa para cada um dos pontos abordados.
Vamos dar um sonoro NÃO à Eletronorte e, de tabela, à Eletrobras. Ao que parece, eles estão pagando pra ver. Em seguida, esperamos ser recebidos pela Eletrobras para alcançar a indenização que merecemos.

TODOS À ASSEMBLEIA!

INDENIZAÇÃO DA ANTIGUIDADE

Empresa

Total

Fator

Cálculo do Fator utilizando o mesmo critério de Furnas e Eletronuclear

Valor da indenização utilizando o Salário Base

Salário Base

Remuneração

Aposentadoria por idade (55 anos)

Eletronorte

20.507.744,77

32.042.467,38

0,943

1,104

22.636.036,08

Eletrosul

6.010.760,00

8.901.725,00

1,129

1,298

7.800.651,27

CGTEE

1.653.674,80

2.460.533,10

0,974

1,129

1.867.475,39

Amazonas

5.044.604,88

8.184.597,43

1,188

1,343

6.774.471,77

Boa Vista

1.077.250,02

1.659.525,62

1,472

1,633

1.759.581,09

TOTAL

34.294.034,47

53.248.848,53

 

 

40.838.215,59

Obs.: Cálculo do Fator utilizando o mesmo critério de Furnas e Eletronuclear


VISUALIZAR ARQUIVO EM PDF