Ainda em recesso, deputados federais estão em suas bases ouvindo críticas dos seus eleitores. A grande maioria do eleitorado está mais insatisfeita com a proposta de reforma da Previdência, PEC 287, do que com as denúncias de corrupção no governo Temer. É o que revela levantamento feito pela Folha de SP e divulgado nesta quinta-feira (27).

Segundo a pesquisa, pelo menos 173 deputados de seis partidos da base aliada de Temer querem que o governo abandone a ideia de reformar a Previdência e deixe a discussão para 2019. O motivo é a eleição no ano que vem.

Os deputados sabem que, pela opinião pública, o governo só conseguiria aprovar mudanças mínimas na Previdência. Isso, na prática, modificaria completamente a proposta original. O texto aprovado na Comissão Especial da Câmara, em maio deste ano, foi alterado e representa cerca de 70% da proposta enviada pela equipe econômica de Temer.

Alguns deputados, especialmente do PSDB e do DEM, querem que a proposta seja votada no 2º semestre, logo após a Câmara votar a denúncia de corrupção passiva contra Temer.

Mas antes mesmo de Joesley Batista, dono da Friboi, dizer que “Temer é o chefe da quadrilha mais perigosa do País”, o governo só contava com 260 votos para aprovação da PEC, quando são necessários 308 dos 513 deputados.

Os deputados também estão com receio de aprovar o texto, que retira uma série de direitos previdenciários dos trabalhadores, especialmente das mulheres, e o Senado engavetar a proposta.