
A reunião realizada nesta quinta-feira, dia primeiro de junho, no Rio de Janeiro, entre o Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) e o presidente da Eletrobras, Wilson Pinto, deixou claro que a atual gestão da empresa tem uma visão estreita, de quem apenas cumpre ordens. E a ordem é privatizar.
Acompanhado do diretor de Distribuição, Luiz Fernando Hamann, o presidente Pinto alegou que a privatização das empresas distribuidoras é irreversível, visto que a Eletrobras não renovou as concessões destas empresas.
Usando a estratégia de se colocarem na posição de apenas gestores, o presidente e o diretor de Distribuição, procuram se distanciar das ações políticas, passando a falsa impressão de que não teriam qualquer interferência no processo. Se assim fosse, ambos não estariam nos cargos que ocupam. Afinal são cargos de indicação política o que os preconizam sim, como figuras políticas também.
O CNE ponderou que a Lei 12.767 em seu art. 2º dispõe que, extinta a concessão, o poder concedente prestará temporariamente o serviço, por meio de órgão ou entidade de administração pública federal, até que novo concessionário seja contratado por licitação nas modalidades leilão ou concorrência.
Dessa forma, as distribuidoras podem continuar operando. Ainda assim, a Eletrobras afirma que a venda dessas empresas acontecerá ainda neste ano e que esta seria a melhor alternativa para as empresas.
O CNE discorda dessa postura privatista e lutará até o fim contra a privatização das empresas distribuidoras. Cobrou ainda uma postura coerente com o cargo que esses gestores ocupam, isto é, se manifestando em defesa da empresa estatal para aqueles que os indicaram para a direção da Eletrobras.
Ponto negativo para o presidente Wilson Pinto foi a infelicidade de chamar os trabalhadores de vagabundos ao defender o PAE lançado, colocando que muitos trabalhadores e trabalhadoras não mais contribuem para a empresa e continuam nela apenas para receber salário e benefícios. O CNE repudia veementemente este tipo de postura.
Essa visão preconceituosa e distorcida da realidade em nada contribui para o clima organizacional da empresa, que já enfrenta tantos desafios com processos que estão sendo feitos de forma atabalhoada e desastrada.
Sim, mudanças devem ocorrer. No entanto, a participação de quem constroi a empresa no seu dia a dia é fundamental para que as alterações sejam feitas de forma correta e surtam efeito.
As afirmações e ações desta direção da Holding deixam claro que a visão da atual gestão da Eletrobras é de mercado, ao passo que os trabalhadores e trabalhadoras entendem e defendem a Eletrobras enquanto uma empresa estatal, sendo necessário que o governo faça o aporte necessário para recuperar o Sistema, que é usado como garantia de oferta de energia elétrica e na expansão do setor.
Veja abaixo os pontos que foram discutidos na reunião:
PAE
A Eletrobras afirmou ser o melhor plano possível dentro do atual cenário e informou que não suspenderá o processo de adesão. Tão pouco alterará o cronograma de desligamento.
O CNE alertou para os problemas que ocorrerão com essa pressa. Afinal, a memória técnica da empresa sairá corrida às pressas, sem ter condições de fazer o repasse de suas atividades. O CNE também contestou a Eletrobras no que diz respeito ao documento que tem circulado nas empresas, deixando claro que propostas foram feitas e nenhuma delas foi aceita pela Holding, o que deixa claro que as entidades sindicais não tiveram nenhum envolvimento com o teor do PAE lançado.
Centro de Serviço Compartilhado: realidade bem diferente do imaginado
Qual o cenário atual da Eletrobras, uma das maiores empresas de energia do mundo, neste momento? É um verdadeiro “manda quem pode, obedece quem tem juízo”.
Onde um ser “supremo”, o presidente Pinto, não ouve ninguém, pois se considera o “dono da verdade’. Recentemente, ele declarou ao ser questionado sobre as possibilidades de sucesso do CSC: “Se não der certo, volta-se como era antes”.
Para o CNE, tal afirmação é uma verdadeira falta de respeito, pois o presidente não está avaliando o que está em jogo é a vida de homens e mulheres que constroem essas empresas.
A verdade é que não existe planejamento. A Eletrobras hoje é uma “nau sem rumo”, pois o que existe é uma “pressa” para atender ao mercado, na mesma rapidez que o governo ilegítimo e golpista de Temer está tendo para aprovar as reformas previdenciária e trabalhista.
Pelo seu histórico anterior no setor privado e sua atuação nestes meses, fica evidente que Wilson Pinto tem a necessidade de dar uma resposta rápida ao mercado financeiro e não está se preocupando com o maior ativo das empresas, que são os trabalhadores.
Na reunião, o CNE manifestou a sua indignação com a falta de respeito com os trabalhadores e solicitou ao diretor Alexandre Aniz que tome as devidas providências no sentido de suspender, imediatamente, os processos PAE e CSC.
O CNE e demais entidades também esperam providências urgentes e reitera que os demais diretores da Holding, por um momento, esqueçam o apego ao cargo, e em nome da sua dignidade se manifestem.
PLR E OUTROS ASSUNTOS
Mais uma vez a Eletrobras posterga o anúncio dos dados finais de PLR por empresa e data de pagamento. A justificativa é que algumas empresas contestaram os números apresentados pela Holding na reunião passada e que a área de governança e finanças está interagindo com essas empresas no sentido de fechar um entendimento.
O diretor Alexandre disse que apenas com esse documento finalizado é que poderá submeter a reunião de diretoria à decisão de como e quando pagar.
Sobre o adiantamento da parcela a título de resultado operacional, disse que não vê problemas. No entanto, solicitou fazer a discussão com a diretoria Executiva no dia 05 de junho. Adiantou que algumas empresas não possuem disponibilidade financeira para o pagamento, mesmo se autorizadas. Por isso haverá datas e formas de pagamento diferenciadas por empresa. O compromisso assumido é que até o final da próxima semana sejam encaminhados ao CNE os números finais e o cronograma de pagamento por empresa, após reunião do CIASE.
Com relação ao ticket extra e ao abono do dia 28, mais uma vez o diretor Alexandre não apresentou resposta para estes itens, porque não quer tratar desses pontos dentro do ponto de vista de oportunidade. A oportunidade já veio, já foi, já veio, já foi e nada. Após muitas cobranças, esses itens virão na resposta da Eletrobras na próxima semana.
PERICULOSIDADE, SOBREAVISO, IN ITINERE
O CNE cobrou da Holding uma posição no sentido de que sejam feitas as reuniões conforme acordado no encontro passado, tendo em vista que algumas subsidiárias têm se negado a discutir o assunto com as entidades sindicais, aguardando uma posição da Eletrobras. O diretor Alexandre disse que haverá um parecer único para nortear os trabalhos nas empresas. O CNE externou a preocupação do parecer não tratar das especificidades do assunto, ressaltando a necessidade de haver as discussões dentro das empresas.
Ademais, o DJ assumiu o compromisso de que não haverá descredenciamento em junho, já que as comissões paritárias não foram constituídas.
CONSELHOS DE ADMINISTRAÇÃO: DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS
Mais um sinal de que a gestão da Eletrobras está sem rumo e as decisões são tomadas de acordo com as convicções pessoas é a situação dos CA’s.
Na Eletrobras, a diretoria resolveu não fazer o processo eleitoral e reencaminhou o atual conselheiro, mesmo com a decisão judicial de que se faça nova eleição.
Por força de denúncia na CVM sobre o acontecido, a mesma notificou a Eletrobras para que explique a ilegalidade. A Holding decidiu afastar o conselheiro reencaminhado, que não pode sequer usar o e-mail corporativo da empresa para não gerar multa da Justiça.
Enquanto isso, na Chesf, a Holding determinou o veto do candidato eleito e chamou um novo processo eleitoral, mesmo com ação judicial transitando.
Ou seja, a direção da Eletrobar faz o que quer para ter quem ela quiser no Conselho e afastar os verdadeiros representantes dos trabalhadores e trabalhadoras. Qual é o receio dessa direção?
O CNE se reunirá no próximo dia 09 para deliberar sobre a proposta que será encaminhada pela Eletrobras na próxima semana.
Calendário do CNE
Assembleias deliberativas – 12 a 14.06 em todas as bases do CNE.
Fiquem atentos/as às convocatórias de seus sindicatos.
