Mesmo sem nenhum clima social e político para que as reformas trabalhista e previdenciária possam ser votadas no Congresso, ainda sim, trabalhadoras, trabalhadores e pensionistas de vários estados do país continuam debatendo estratégias de combate a essas e outras matérias que retiram direitos históricos da classe trabalhadora.

Trabalhadores da ativa, aposentados e pensionistas participaram nesta quinta e sexta-feira (26) do 18º Congresso Nacional da Anapar, realizado em Brasília. O objetivo do evento foi continuar fomentando o debate qualificado sobre a defesa da previdência pública e complementar.

Dirigentes sindicais do STIU-DF que participam da Faceb, Previnorte e Real Grandeza estiveram atentos às propostas que tramitam no Congresso Nacional e prejudicam os trabalhadores.

Um dos projetos mais nocivos é o PLP 268, que prevê a entrega dos fundos de pensão para bancos e seguradoras. Todas as entidades no País, que gerenciam o futuro da classe trabalhadora, dispõem juntas de mais de R$ 800 milhões. Por isso o mercado financeiro tem muito interesse em alterar as regras de funcionamento dos fundos.

Reforma da previdência

Para o professor de economia da Unicamp, Eduardo Fagnani, que palestrou ontem, não se pode fazer reforma da previdência com diagnóstico em falsas premissas. Isso o governo não dialoga com a população e pretende aprovar as matérias o mais rápido possível.

“O diagnóstico da reforma é questionável e as propostas são excludentes, acabando com o direito à aposentadoria. Mesmo o relator da matéria reduzindo o tempo de contribuição para 40 anos (antes era 49), ainda sim esse período é superior ao padrão europeu de previdência”, aponta.

A economista da Auditoria Cidadão da Dívida Pública, Maria Lúcia Fatorelli, também reforçou o aspecto mentiroso do déficit da previdência. “O Brasil é a 9ª economia do mundo, tem inúmeras riquezas naturais, minerais e fontes energéticas. Temos tudo isso em abundancia. Mas quando olhamos o social e toda essa desigualdade, o cenário não é esse, mas sim de escassez, de limitação. Isso é uma contradição imensa”, avalia.