A Macha Mundial das Mulheres em construção com outros coletivos feministas prepara para o Dia Internacional da Mulher greve histórica contra a onda de retrocessos dos direitos sociais, trabalhistas e previdenciários. Para dirigente sindical, é a partir da mobilização que se pode tentar garantir que direitos e conquistas sejam respeitadas e mantidas em meio aos ataques à classe trabalhadora.

Em resistência a agenda radical de Michel Temer, no próximo 8 de março, as mulheres vão protagonizar uma grande greve nacional. O movimento tem como objetivo denunciar o desmonte dos direitos e das políticas sociais que atingem de forma particular as mulheres.

No mês de fevereiro, diversos movimentos populares e sindicais lançaram manifesto contra a privatização, a precarização da saúde e da educação e, em especial, rechaçando a Reforma da Previdência, que propõe igualar a idade de homens e mulheres, trabalhadores rurais e urbanos para 65 anos, reforçando as desigualdades de gênero, classe, raça e de geração. Além disso, convocam todas as mulheres e organizações feministas a irem às ruas no Dia Internacional da Mulher.

Para Wilma dos Reis, da Marcha Mundial das Mulheres, os desmontes da previdência e da CLT vão em contramão a luta da classe trabalhadora, em especial, das mulheres. “Se hoje muitos dos nossos direitos são negados, imagina se as propostas apresentadas passar no Congresso Nacional? As mulheres serão expulsas do mercado de trabalho formal, indo ainda mais, para o limbo social. Serão penalizadas e muito, pelo simples fato de ser mulher. Querem nos empurrar goela abaixo o papel imposto pelo sistema capitalista patriarcal: bela, recatada e do lar”, destaca.

Ela afirma que as reformas visam, apenas, o aumento das desigualdades sociais, a precarização do trabalho, o enriquecimento dos empresários e o aumento da vulnerabilidade da classe trabalhadora. Além do desmonte do sistema previdenciário para geração e aumento do lucro dos bancos e das empresas da previdência privada, elitizando o direito a previdência.

Nesse contexto de retrocessos, Wilma dos Reis, ressalta que o Estado ao igualar a idade de aposentadoria entre mulheres e homens, nega as várias jornadas de trabalho que as mulheres têm. “[O Estado] ignora onde estas mulheres, principalmente as negras, estão no mercado de trabalho, nos postos mais precarizados e com os menores salários, ignora a situação das mulheres rurais que tem uma jornada penosa no campo, por fim, nos ignora enquanto seres sociais”, disse.

A dirigente sindical do STIU-DF, Fabiola Antezana, salienta que para engrossar as fileiras de luta contra a retirada de direitos e a ampliação da desigualdade social e econômica, a mobilização é o caminho. No entanto, não é garantia da manutenção do status quo, porém, é a partir da mobilização que se pode tentar garantir que direitos e conquistas históricas sejam respeitadas e mantidas em meio aos ataques à classe trabalhadora.

“Vamos às ruas mostrar o que a sociedade, e nós mulheres do campo e da cidade, realmente queremos. Não podemos aceitar de forma passiva que prejudiquem mais da metade da população para manter as mordomias de menos de 0,5% da população”, enfatiza a dirigente.

Mudança

Pelo Regime Geral da Previdência Social, atualmente, as trabalhadoras urbanas podem se aposentar com idade mínima de 60 anos e 30 anos de contribuição. As servidoras públicas e trabalhadoras rurais se aposentam com idade mínima de 55 anos e 30 anos de contribuição, as professoras da educação básica se aposentam com idade mínima de 50 anos e 25 anos de contribuição.

Com a reforma, as mulheres, em empregos urbanos, trabalharão cinco anos a mais, as servidoras públicas e as trabalhadoras rurais, trabalharão mais dez anos e as professoras da educação básica, mais quinze anos.

Fonte: Jornal Energia Alerta – edição 38º