Com o objetivo de unificar a luta sindical contra os ataques nos direitos trabalhistas, previdenciários e sociais, cerca de 100 dirigentes sindicais que representam mais de 20 categorias em Brasília se reuniram na manhã desta quinta-feira (29), na sede do Sindicato dos Comerciários no DF.

O deputado Chico Vigilante (PT) iniciou a sua fala chamando a atenção para a importância da unidade sindical neste momento de retirada de direitos da classe trabalhadora. “No final dos anos 70 e nos anos 80 e 90, a luta dos sindicalistas era por mais diretos. Depois de 13 anos avançando com várias conquistas sociais e trabalhistas nos governos Lula e Dilma, hoje estamos aqui para lutar contra os retrocessos que estão colocados por esse governo golpista”, destacou Chico. “Isso é lamentável”.

Reforma da Previdência

Na avaliação do ex-ministro Ricardo Berzoini, é preciso fazer um diálogo com a população sem ressentimento, mostrando que as propostas apresentadas pelo governo Golpista são contra o povo e a classe trabalhadora.

Para ele, a Previdência – que compõe a Seguridade Social, junto com a saúde e assistência social – não é deficitária nem tem superávit. Isso porque ela é uma política pública, definida pelo artigo 194 da Constituição Federal e serve para distribuir renda à população.

Berzoini disse que defende uma reforma da Previdência, mas de forma justa. “Vamos sim reformar a Previdência. Mas o que precisamos fazer é acabar com os privilégios e reduzir as isenções previdenciárias para empresas”, disse. “As pessoas estão vivendo mais e isso acaba sendo um ponto relevante na política previdenciária. Mas se fizermos esses ajustes os problemas certamente serão amenizados”, complementou.

Segundo ele, a idade mínimo de 70 anos para se aposentar, proposta pelo governo Golpista, é completamente injusta. Profissões que exigem muito do trabalhador, como um cortador de cana ou um gari, por exemplo, não podem ser comparadas com outros trabalhos que exigem mais do intelecto do que da atividade física. “Isso precisa ser considerado”, defendeu.

Além disso, Berzoini destacou que a grande desigualdade social que ainda existe no País faz toda a diferença ao longo da vida. “Quem sempre teve uma boa saúde e se alimentou bem vai se aposentar e viver com qualidade de vida por muitos anos. Mas aqueles que começaram a trabalhar bem cedo para complementar a renda familiar e sempre tiveram dificuldades de ter boa alimentação, esses se conseguirem se aposentar viverão pouco tempo de aposentadoria. Talvez, dois anos, quem sabe, já que a expectativa de vida do brasileiro não chega a 70 anos”, avaliou. “E terão muitos que vão morrer antes mesmo de se aposentar”.

Outros ataques

Berzoini falou ainda sobre as principais propostas que tramitam no Congresso e atingem diretamente os direitos da classe trabalhadora. Destacou os prejuízos do PL 30, que legaliza a terceirização sem limites no serviço público e acaba com as categorias de trabalhadores, ao legalizar a ilegalidade.

Comentou também sobre a PEC 241, que desmonta o Estado brasileiro, ao limitar por 20 anos, investimentos na saúde, educação, segurança e assistência social. “O golpe também visa acabar com o SUS, que é um dos maiores sistemas universais de saúde do mundo. Mas mesmo com as contradições, há transplantes e cirurgias de alta complexidade. Esse governo quer destruir isso”, disse.

Berzoini também falou sobre os ataques na educação, com a MP que reforma o setor sem a participação dos educadores, alunos, pais e sociedade.