A Confederação Nacional dos Urbanitários (CNU), a Federação Nacional dos Urbanitários (FNU), a FRUNE, a FITUESP, a FURCEN, o CNE, os sindicatos do setor elétrico e de saneamento têm apostado até o momento no processo de negociação e de interlocução com o governo Dilma. Porém, a mesma postura tem faltado por parte do governo, quando no dia 27 passado estava marcada, em Brasília, uma reunião previamente agenda no dia 19 de janeiro, com os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretária de Governo), mas para a frustração dos dirigentes sindicais e das centrais a mesma foi cancelada em cima da hora.

É importante ressaltar que na primeira reunião do dia 19 de janeiro, que só aconteceu devido à pressão das entidades, os dirigentes sindicais foram recebidos por assessores. Fato que demonstra o total desinteresse do governo em negociar de forma objetiva.

No dia primeiro de fevereiro foi agenda uma nova reunião com o ministro Jaques Wagner para debater a situação das empresas distribuidoras de energia da Eletrobras. O entendimento das entidades sindicais do setor elétrico é que, caso não haja uma sinalização oficial de se retirar estas empresas do Plano Nacional de Desestatização (PND), não haverá outro caminho a não ser o rompimento formal com o governo Dilma.

Essa posição será tomada diante de uma análise conjuntural, pois os trabalhadores têm acompanhado as mudanças de rumo do governo Dilma. Primeiro foi a decisão de se vender a distribuidora CELG, uma empresa estratégica para o povo do estado de Goiás. Depois, a ampliação para privatização de todas as distribuidoras de energia nas regiões Norte e Nordeste, e por último a movimentação em torno da abertura de capital de Furnas, uma privatização disfarçada.

Os trabalhadores urbanitários foram às ruas desde a eleição de Lula, por acreditar que este projeto político enterraria de vez a era neoliberal de FHC. Nos momentos mais difíceis de manutenção da governabilidade, da eleição de 2014 e da democracia, as entidades sindicais não hesitaram em defender este governo. O sentimento que se tem diante destas decisões é de traição com as bandeiras que sempre fizeram parte do projeto popular e democrático, com o fortalecimento das empresas estatais e a valorização dos seus trabalhadores.

A decisão agora está nas mãos do governo. Cabe a ele decidir se esta ao lado dos trabalhadores e do fortalecimento das empresas estratégicas para as regiões Norte e Nordeste, ou se prefere ceder à pressão do capital privado e entrar para história como privatista de ocasião.


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