Avanço do neoliberalismo, arrocho salarial, venda de estatais e licitação de bens públicos. Essas são as estratégias das elites empresariais na crise brasileira.

Lutar contra o avanço do conservadorismo no Brasil. Esse foi o principal foco do 21º Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) realizado no Rio de Janeiro no fim de novembro. Centenas de dirigentes e jornalistas de entidades sindicais de vários estados, entre elas o STIU-DF, participaram de grupos de debate sobre política, economia e mídia.

Uma das propostas do curso era fazer frente à onda conservadora que ganha força na sociedade, especialmente com o apoio de setores empresariais da indústria, sistema financeiro, movimentos de extrema direita no Brasil e agentes internacionais com interesses na economia brasileira.

Na avaliação do professor da Universidade do Estado da Bahia, Milton Pinheiro, a política central que as forças conservadoras querem colocar em prática no País é o arrocho salarial da classe trabalhadora para que as elites financeiras possam voltar a se capitalizar, acumulando ainda mais riqueza.

Pinheiro lembra que nos últimos 12 anos os trabalhadores além da inflação tiveram ganhos reais. Além disso, houve uma forte valorização do salário mínimo. “Agora, essa elite quer a volta do neoliberalismo para congelar salários, vender empresas estatais e licitar bens públicos para que os seus rendimentos possam voltar a aumentar”, explica.

Na prática, é exatamente isso que os trabalhadores e trabalhadoras do setor elétrico estão passando. Em Brasília, por exemplo, a CEB não queria pagar nem a reposição da inflação e ainda pretendia retirar direitos da categoria. Além disso, só este ano, é a 2ª vez que o governo Rollemberg tenta vender ações da empresa. E só não conseguiu devido à mobilização e pressão da classe trabalhadora.

“O governo, que se diz socialista, quer arrochar o trabalhador e retirar direitos. O que não entendemos, e nem vamos entender, é que para nós sempre é dado a desculpa que está faltando dinheiro, mas para a terceirização e para verba de publicidade do GDF nunca falta”, destaca o diretor do STIU-DF, Victor Frota, que participou do curso.

Para o professor da Unicamp, Ricardo Antunes, esta é a fase mais destrutiva do capitalismo. Segundo ele, o setor produtivo quer “destruir a força de trabalho, que está sendo precarizada com a terceirização”.

Ditadura militar

As manifestações pela volta da ditadura militar também foram alvo de análise. Na avaliação do professor da Universidade Federal do Rio, Pinguelle Rosa, enquanto a direita politiza os protestos, os capitalistas estão ganhando rios de dinheiro com os juros altos.

Ao fazer um retrospecto histórico para explicar a atualidade, o integrante do Memorial da Resistência IIEP, Sebastião Neto, destacou que o aparato estatal que vivemos hoje é o que restou de 1985.

“A pactuação da transição da ditadura foi fundamental para a elite brasileira. Ela conseguiu manter a impunidade aos torturadores, a Lei de Segurança Nacional, a polícia que continua matando pessoas sem passagens pela polícia, fazendo uma limpeza étnica da população jovem negra, a Justiça de classe que pune exemplarmente uns e absolve outros com evidentes provas, assim como o parlamento que responde aos interesses do setor empresarial e vende seu voto ao Executivo”, aponta Neto.

Homenagem

Revolucionário da comunicação popular, Vito Giannotti foi o homem que virou semente. Ele não foi sepultado, foi plantado para que dele nasçam novos guerreiros.

Vito foi um dos fundadores do NPC. Ele e sua companheira, Cláudia Giannotti, ajudaram na construção do jornal do STIU-DF. O diretor da entidade sindical, Carlos Campos, prestou homenagens a Vito e destacou o papel fundamental dele na reformulação da comunicação do Sindicato.

Fonte: Jornal Energia Alerta