Nesta quarta-feira (9), na sede do STIU-DF, teve início o 1º Congresso e Assembleia Geral de Fundação da Federação Interestadual dos Trabalhadores Urbanitários nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins e no Distrito Federal – FURCEN.

Na ocasião, o jornalista e representante da Telesur no Brasil, Beto Almeida, analisou a conjuntura política internacional. Ele destacou o processo eleitoral na Argentina e na Venezuela, onde houve avanço da direita nos dois países.

“O resultado dessas eleições pode causar estremecimento nas relações com os demais países da América Latina. Na Venezuela, para criar uma situação de instabilidade pré-eleitoral, a estratégia do capital foi retirar do mercado bens essenciais de consumo diário na tentativa de romper com o projeto que visa a integração latino-americana e que promove ações estruturais para melhoria das condições de vida”, ressalta Beto Almeida.

Para Almeida, manter a unidade popular é fundamental para evitar maiores retrocessos, posto que todo esforço empreendido para recuperação da soberania pode estar em risco.

Segundo Gilberto Cervisky, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) o país passa por uma grande ofensiva do capital, com elevado grau de especulação para viabilizar o processo de privatização. “O setor energético vem sofrendo fortes ataques com o objetivo claro de sucateamento, para posterior transferência das estatais ao capital privado”, disse.

Cervisky ressaltou ainda que não há perspectiva de solução a curto prazo para a crise do capital, que vem promovendo uma ofensiva para manter e aumentar a taxa de lucro, com intensificação da exploração da classe trabalhadora, intensificação da privatização e da apropriação de recursos naturais.

Para Max Leno, do Dieese, essa conjuntura complexa está atrelada também à crise de 2008. Com reflexos no Brasil, a crise inviabilizou o crescimento da economia. Além disso, a implementação da política fiscal restritiva, com características recessivas, traz um elevado nível de incerteza, com queda nos investimentos e, consequente, aumento no número de desemprego.

Sobre o processo de privatização, o técnico do Dieese Samuel Nogueira, destacou o Projeto de Lei do Senado 555/2015, que ameaça ao patrimônio público, a sociedade e aos trabalhadores. O Projeto permite que todas as empresas estatais abram seus capitais e coloquem em circulação, pelo menos, 25% de suas ações, exclusivamente sob a forma de ações ordinárias, no prazo de dois anos após a promulgação da lei.

Eletrobras, Caixa, Correios, BNDES, Petrobras, entre outras, poderão ser entregues ao capital privado e estrangeiro, enfraquecendo a soberania do país em setores estratégicos, como por exemplo, o petrolífero e elétrico.

Nogueira destaca ser urgente, para barrar a ofensiva do capital privado, o resgate do espírito de solidariedade de classe. Além disso, aponta como central o investimento em uma mídia alternativa. “O papel da comunicação é central para resgatar a consciência de classe”, concluiu.

A Federação surge em um momento impar da reorganização do ramo urbanitário. Uma de suas missões é atuar na defesa dos trabalhadores e trabalhadoras dos setores de eletricidade e saneamento, contra a privatização das empresas estatais, pelo fim das terceirizações indiscriminadas. A assembleia Geral de fundação da Furcen acontece amanhã (10).