Francisco Everardo Oliveira Silva, popularmente conhecido como Tiririca, tem chamado a atenção na internet não pelo seu trabalho como humorista, mas pelo desempenho no horário eleitoral gratuito. Ele, que ficou conhecido no Brasil cantando a música “Florentina” nos anos 90, é candidato a deputado federal em São Paulo, pelo PR.

A campanha de Tiririca apareceu, na última semana, na lista de assuntos mais comentados (trending topics) do Twitter no Brasil e no Mundo.

Um vídeo com sua propaganda eleitoral é um dos mais acessados do YouTube, com mais de 300 mil exibições. No quadro, o humorista diz não saber quais são as atribuições do cargo a que disputa, mas pede: “Vote em mim, que eu te conto”.

O candidato busca o humor para angariar votos, mas também conta com sua popularidade como artista. Essa vantagem de grande exposição na mídia tem motivado celebridades das mais diversas áreas, como músicos, artistas de circo, modelos e ex-jogadores de futebol, a disputarem cargos no Senado e na Câmara Federal, nas eleições de 3 de outubro.

Se lograrem êxito, integrantes do Showbiz como os cantores Moacyr Franco, Netinho de Paula, Waguinho e Renner podem ocupar algumas das 54 cadeiras em disputa para o Senado Federal. Eles são candidatos pelos seguintes partidos e estados, respectivamente: PSL/SP; PCdoB/SP; PTdoB/RJ; e PP/GO.

Puxadores de votos
Para o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB/RR), celebridades são usadas como forma de atrair votos da população pela fama e não pelas propostas. Na opinião do senador, os artistas podem, em razão do quociente eleitoral, ajudar a eleger candidatos que não teriam chance de outra forma.

“A propaganda eleitoral gratuita está servindo de biombo para esconder certas candidaturas. Alguns artistas estão atuando como puxadores de votos para que seja obtido o quociente eleitoral” disse o senador.

Ele defende mudanças na propaganda eleitoral gratuita, de forma a permitir um debate mais amplo de ideias.

“Estamos caminhando lentamente nessa direção, com a aprovação da minirreforma eleitoral e a Lei da Ficha limpa. Já conseguimos, por exemplo, eliminar práticas como showmícios, que desvirtuavam a disputa eleitoral, mas temos que avançar mais”, frisou.

Sistema proporcional
A maior parte dos “candidatos-celebridades” concorre pelo sistema proporcional, no qual vale a regra do quociente eleitoral: deputado federal e estadual. A lista é longa.

Há desde ex-BBBs até uma seleção de futebol formada por ex-atletas profissionais como Romário, Marcelinho Carioca e Vampeta. No caso do Senado, o sistema é o majoritário, no qual são eleitos os candidatos mais votados.

Na opinião do senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB/AC), todo brasileiro que atenda aos requisitos constitucionais para ser candidato a cargo eletivo tem direito legítimo de concorrer. No entanto, opina ele, os partidos deveriam reavaliar a escolha de candidatos.

“Não se pode cercear o direito de ninguém de se candidatar, desde que esteja dentro dos pré-requisitos legais, mas os partidos deveriam realizar uma reflexão interna para a defesa de postulados ideológicos e políticos. Deveriam voltar a valorizar o debate de idéias”, afirmou.

Legislação
De acordo com o artigo 14 da Constituição, são requisitos para candidatos nas próximas eleições: ter nacionalidade brasileira; ter pleno exercício dos direitos políticos; ter feito alistamento eleitoral; possuir domicílio eleitoral na circunscrição; e ter filiação partidária.

Também são exigidas idades mínimas: 35 anos para candidatos a presidente, vice-presidente e senador; 30 anos para governador e vice-governador; e 21 anos para deputado federal, estadual e distrital.

(Fonte: Agência Senado)