Polícia Federal dá um baculejo na sede da Eletronorte

Ontem, pela manhã, os trabalhadores e trabalhadoras da Eletronorte foram surpreendidos com a presença de diversos agentes da Polícia Federal, que percorreram vários setores da empresa, com mandados de busca e apreensão.

Foi algo extremamente constrangedor para o trabalhador/a, que cumpre honestamente com seu dever, chegar em seu local de trabalho e dar de cara com policiais, vasculhando e recolhendo pastas, computadores, documentos.

A “Operação Choque”, deflagrada pela Polícia Federal, investiga a existência de um esquema de enriquecimento ilícito, e não ocorre somente em Brasília, mas em Marília/SP, Porto Velho/RO, Rio de Janeiro/RJ e Belo Horizonte/MG, onde foram cumpridos, ao total, dez mandados judiciais, sendo oito de busca e apreensão e dois de prisões temporárias.

A investigação ainda está no início e pode ter desdobramentos. Segundo informações dos próprios agentes e dos meios de comunicação (veja no verso), há indícios de que um ex-diretor da Eletronorte, por meio de uma empresa “laranja” em nome parentes, enriqueceu-se ilicitamente, recebendo vantagens indevidas de pessoas jurídicas, que mantinham contratos com a Eletronorte. As investigações alcançam o ano 2009, quando já era movimentada uma conta bancária considerada suspeita pela polícia, hoje com R$ 4 milhões.

As duas pessoas presas foram o funcionário de carreira e ex-diretor da Eletronorte, Winter Andrade Coelho e seu parente, Carlos Eduardo Andrade Macedo. Tendo deixado a diretoria em 1994, Winter passou um bom tempo cedido. Com o apoio do senador Valdir Raupp (PMDB-RO), tentou retornar como Diretor de Gestão em 2005, mas sofreu forte oposição do STIU-DF, por sua conduta pregressa como diretor, e não conseguiu seu intento. No entanto, tempos depois, aproximou o referido senador ao Diretor de Operação, Wady Charone, de quem obteve o cargo de assessor. Recentemente, conseguiu convencer o Diretor a investir no projeto do dirigível, contrariando a opinião do Conselho de Administração. Gozava de total liberdade para cuidar de seus assuntos pessoais, ausentando-se por longos períodos da empresa, enquanto os demais trabalhadores/as, pobres mortais, são punidos diariamente por chegar minutos mais cedo ou sair minutos mais tarde.

Os trabalhadores e trabalhadoras da Eletronorte merecem saber o que está acontecendo realmente na empresa, e se esse é um caso isolado ou apenas a “ponta de um novelo” mais complicado, ou pior, um fio desencapado prestes a um curto-circuito.

O STIU-DF procurou a direção da empresa em busca de mais detalhes sobre a operação. A diretoria não deu maiores explicações, limitando-se dizer que a investigação não tinha qualquer vínculo com a “Operação Lava-Jato”, como se isso servisse de consolo.

O STIU-DF, em nome da categoria, exige que a direção da empresa faça, imediatamente, um pronunciamento, no auditório da sede, em vídeoconferência para as unidades descentralizadas e esclareça todos os fatos. Além disso, deve dar a devida explicação para a sociedade brasileira, de modo a retirar o nome da Eletronorte das páginas policiais. É inadmissível que os trabalhadores/as tenham sua imagem vinculada a desvios de conduta de algumas pessoas.

O STIU-DF e todos os trabalhadores/as da Eletronorte estão indignados, e exigem que tudo seja apurado e esclarecido, e os responsáveis punidos exemplarmente. Esperamos que não se repita o que ocorreu com o caso da “Lista de Furnas”, cujo processo está paralisado por questões político-partidárias.

O STIU-DF está de olho e vai acompanhar esse processo atentamente, inclusive quanto à postura da Diretoria de Operação, que tem se mostrado muito descompromissada e omissa.

Com a palavra, a Direção da Eletronorte.

 


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