Terracap não consegue vender mais de 40% dos lotes que oferece

Em meio à carência de moradias em que vivem cerca de cem mil famílias no Distrito Federal, a empresa responsável pela venda de lotes, a Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap), não consegue vender mais de 40% dos terrenos que oferece. Especialistas atribuem o baixo desempenho nas vendas aos altos preços definidos para as unidades. A empresa, no entanto, rebate a ideia ao dizer que pratica apenas os preços de mercado.

O relatório Anual da Terracap revelou que em 2009, na soma das 14 licitações realizadas durante o ano, foram vendidos 962 terrenos com destinações variadas, em diversos setores do DF, do total de 2,4 mil unidades colocadas à venda. O número representa apenas 40,22% do total de lotes ofertados pela empresa. Nos anos anteriores, os percentuais de venda de imóveis foram ainda mais baixos, de 33,69%, em 2008, e de 38,53%, em 2007.

De acordo com o presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-DF), Adalberto Valadão, a Terracap tem superavaliado os lotes. “Por ser a única a deter os lotes, a Terracap fica à vontade para colocar o preço que quiser nos terrenos. Ela não tem concorrência e define os preços mínimos dos imóveis acima do que deveria”, destaca Valadão. Ele comenta que a empresa, por se tratar de órgão do governo, deveria preocupar-se em exercer política social e tornar os lotes mais acessíveis.

Os irmãos e empresários Wudson Pereira de Souza, 46 anos, e Gil Pereira, 43, participaram de licitação realizada ontem para adquirir dois lotes no Guará. “Não é a primeira vez que participo do leilão. Já comprei dois outros lotes e a vantagem é a segurança de ter a documentação completa e de saber que o lote transmite confiança. Mas são caros. Há cinco anos era mais barato. Hoje tive que dar um lance muito alto, de R$ 201 mil, para tentar comprar um terreno de 144 m2 no Guará. Estou feliz porque não ganhei. Estava caro e eu ia me arrepender depois”, reclamou Wudson.

(Fonte: Priscila Rangel, Jornal de Brasília)