Devido à pressão do STIU-DF e da categoria, o GDF não enviou o seu representante para a Assembleia Extraordinária do dia 11 de fevereiro, que iria deliberar sobre os reajustes salariais exorbitantes do presidente e da diretoria da CEB.

Há anos escutamos o discurso de que a situação financeira da CEB é “grave” ou “gravíssima”. Na verdade, desde 2000 estamos acostumados a ouvir esse tipo de declaração que chega a ser, em certo ponto, cansativa. Entra governo, sai governo e a conversa é sempre a mesma.

A bem da verdade, sabemos que a empresa passa por dificuldades financeiras. Não vamos tapar o sol com a peneira. Mas colocar a responsabilidade disso sobre os ombros da categoria é injusto e inadmissível.

A respeito da reunião na Aneel, oportunidade em que alertas teriam sido feitos à diretoria da CEB, não vamos aceitar interferências dessa Agência Reguladora. Como a nossa participação no encontro foi proibi- da, soubemos por meio de nota da empresa que a Aneel teria reprovado a CEB “em todos os pontos” de avaliação, entre eles, a qualidade do serviço, e que o atendimento ao cliente deixaria “muito a desejar”.

Ao que parece, o grau de exigência da Aneel é muito maior em relação à CEB do que com outras distribuidoras. Isso porque de acordo com reportagem no Bom dia Brasil, da TV Globo, veiculada no dia 9 de fevereiro, a CEB não está entre as piores empresas de distribuição de energia do Brasil. Segundo reclamações de 2014 dos clientes nos Procons estaduais (Ver gráfico no verso), entre as dez empresas mais reclamadas nove são privatizadas. O que não é o caso da CEB.

No Procon-DF, das dez empresas que mais recebem reclamações dos clientes em 2013, a CEB também não está entre elas. Portanto, é absurda a avaliação de que a empresa deixa muito a desejar no que ser refere ao atendimento ao cliente.

Além disso, convém apontar, que no próprio relatório da Aneel sobre a continuidade do serviço, a CEB vem melhorando o seu ranking nos últimos anos. Passamos da 33ª posição em 2012 para a 31ª em 2013. É evidente que há espaço para melhorar, embora isso dependa de melhores condi- ções de trabalho, como mais viaturas e a contratação imediata de um efetivo maior de trabalhadores com salários justos e um plano de carreira que atenda as necessidades da categoria.

O STIU-DF vai reagir a essa postura da Aneel que nos parece muito mais política do que técnica. Vale lembrar que esses indicadores de “eficiência” que a Agência tanto defende, não funciona em nenhuma unidade da federação. Nem mesmo nas empresas que passaram por intervenção da Aneel.

Muitos dos problemas apontados pela Agência é resultado do modelo institucional do setor elétrico defendido de equivocada, desde a sua criação, pela própria Aneel.

A Aneel também ignora a saúde e segurança dos eletricitários, cujo número de mortes no setor elétrico é dez vezes maior do que entre os trabalhadores em geral, segundo levantamento do Dieese com base em dados da Funcoge.

Em relação ao “plano de trabalho” que a diretoria da CEB promete implementar em 60 dias, não aceitaremos que ele venha com cortes de direitos e benefícios dos trabalhadores.

Pois se são necessários “ajustes, ainda que pesados, para reequilibrar a situação econômico-financeira” da empresa, com certeza não são os reajustes salariais exorbitantes propostos aos diretores e presidente que vão “recolocar a CEB no caminho do crescimento e desenvolvimento”. Até porque esses reajustes são uma contradição enorme.

Os trabalhadores e trabalhadoras não vão se submeter a sacrifícios de mão-única, sendo penalizados com salários abaixo do mercado, enquanto a diretoria faz os ajustes de mercado na própria remuneração.

É preciso informar que devido à pressão do STIU-DF e da categoria, o GDF não enviou o representante para a Assembleia Extraordinária do dia 11 de fevereiro, que iria deliberar sobre os reajustes exorbitantes. Entretanto, isso não quer dizer que o assunto esteja encerrado. Pelo contrário, temos que continuar atentos e vigilantes para que esse absurdo não aconteça.

Vale lembrar que mesmo com quadro funcional extremamente reduzido e até mesmo com deficiência de equipamentos básicos de trabalho, a categoria estará sempre disposta, como sempre esteve, a fazer o melhor pela CEB. Só não contem com a entrega dos nossos anéis, muito menos dos nossos dedos.


Cadê a CEB?







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