Desde ontem (07), diversas entidades sindicais, sociais e acadêmicas do Brasil inteiro e do exterior estão reunidas na UnB, no Fórum Social Temático, para discutir a energia para quê? para quem? e como? O STIU-DF participa do encontro, que termina neste domingo (10). Neste sábado (09), as atividades iniciam às 9h. Debate entre os candidatos à Presidência da República está previsto para começar às 19h30, no auditório do bloco de salas de aula sul.

O objetivo do Fórum Social Temático é debater as diferentes dimensões da energia hidráulica, eólica, solar, térmica, nuclear e biomassa e apresentar propostas para que as políticas públicas no setor sejam mais eficientes e menos impactantes na sociedade.

Na reunião temática Projetos energéticos em bacias hidrográficas no Brasil, o professor da Universidade Federal de Pernambuco, Heitor Scalambrini, apontou que um dos graves problemas do setor elétrico decorre da reformulação que houve em 1995, quando a energia passou a ser tratada como mercadoria.

Segundo ele, o que está sendo proposto no setor elétrico é um modelo de sociedade consumista, que anseia cada vez mais por bens e produtos que são intensivamente massificados pelos meios de comunicação. “A indústria consome 40% de toda a energia produzida no País, sendo que todas as residências juntas consomem apenas 26%. Então, todo esse discurso por mais energia é para potencializar esse consumismo desenfreado que vemos na TV. Mas a energia para que e para quem não se discute ostensivamente”, explica Scalambrini.

O diretor do STIU-DF, Jeová de Oliveira, destaca que realmente é preciso mudar a Lei das Concessões de 95, aprovada no governo FHC. “Esse modelo mercantilista que existe no setor elétrico precisa ser alterado. As indústrias que consomem mais energia pagam menos do que a população. Isso não é justo”, avalia.

Terceirização

Foi essa mesma Lei das Concessões que permitiu a terceirização desenfreada no setor elétrico. Dos cerca de 250 mil trabalhadores e trabalhadoras do setor elétrico, mais da metade é terceirizada. Além disso, a terceirização resulta em péssimos salários e condições de trabalho muito aquém do mínimo necessário. De cada dez trabalhadores que morrem no setor elétrico, oito são terceirizados.

A diretora do STIU-DF, Fabiola Antezana, avalia que a terceirização representa a precarização da mao de obra no setor elétrico. “O trabalho acaba sendo mal executado devido à pressa na realização da tarefa, que é uma política das empresas terceirizadas, e também pela falta de equipamentos. Além disso, esses trabalhadores são menos assistidos na questão da saúde e segurança porque têm menos direitos”, destaca.