Nesta quinta-feira (27) cerca de 300 militantes do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB) bradavam as palavras de ordem “Água e Energia não são mercadorias” na abertura do seminário “Água e energia com soberania, distribuição da riqueza e controle popular”, realizada na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Organizado pela Plataforma Operária e Camponesa para Energia e com o propósito de avançar e multiplicar o debate em torno da questão energética, abordar a atual situação e perspectiva dos trabalhadores do setor elétrico e a cadeia produtiva do petróleo, o evento contou com a participação e apoio de representantes do STIU-DF, da Federação Única dos Petroleiros, MAB e outras organizações sociais.

Para denunciar os interesses empresariais e políticos que dominam o setor elétrico, o coordenador do MAB, Joceli Andrioli, fez uma analise em torno do atual modelo energético e falou da importância em construir articulações e lutas para a organização de um Projeto Energético Popular.

Por meio da mídia temos acompanhado uma suposta crise no setor elétrico, mas o que está ocorrendo é um golpe das empresas do setor. A Cesp, Celesc, Cemig e Copel foram contrárias à redução da tarifas e não renovaram as concessões. Administradas por governos do PSDB e DEM, elas estão especulando o valor da energia com o objetivo de lucrar cada vez mais e depois repassar à população o prejuízo por meio do aumento da tarifa da energia”, ressaltou Joceli.

Frente os fatos, o coordenador alertou que é fundamental a mudança no atual modelo do setor elétrico, que permite a especulação por essas empresas, prejudicando a população brasileira.

Para o representante da Federação Única dos Petroleiros, Moraes, a energia e o petróleo são bens estratégicos para um país e principalmente para a população, por isso não se deve permitir que a lógica do lucro se sobressaia à política social. “É preciso que tenhamos um projeto de desenvolvimento que inclua a população. Somente faz sentido produzir e desenvolver o país se beneficiar os brasileiros”, disse.

Classe trabalhadora

O diretor do STIU-DF, Jeová Oliveira, explicou que a partir da implementação do novo modelo do setor elétrico a categoria eletricitária vem sofrendo com a tentativa do governo em reduzir benefícios dos trabalhadores e sucatear as empresas.

“Ao longo dos anos, o setor elétrico está perdendo trabalhadores por conta da política de redução de custos, como os programas de incentivo ao desligamento. A rotatividade e o alto número de terceirizações também prejudicam o setor. Outro problema é o elevado número de mortes. O setor elétrico é uma das áreas que mais mata trabalhadores”, destacou.

Desafios da classe trabalhadora e dos atingidos

Como encaminhamentos para a classe trabalhadora e atingidos por barragens foram levantados seis desafios e eixos que devem fazer parte da pauta de lutas da Plataforma e do MAB.

São eles: a articulação com o Estado em pagar a dívida social e a criação de uma política de direitos aos atingidos por barragens. Lutar pelo controle popular da energia. Defender a classe trabalhadora contra a rotatividade e terceirização no setor elétrico. Exigir a mudança do modelo energético e que o petróleo seja um “motor” de desenvolvimento nacional para a construção de um país solidário e soberano.

Trabalhadores do campo e da cidade a lutar por um projeto energético e popular!