ONS

Expressões  como  a  do  título  e  outras  como  “Quando  eu for  chefe, a vida será melhor”, “Ele é um profissional de sucesso,  diretor  na  empresa  XPTO”  é  comum  de  se  ouvir,  especialmente, na cultura brasileira, onde assumir posições de  liderança corresponde a ter êxito e que posições sem escopo  de gestão têm menos importância.

Não  faz  muito  tempo,  existia  apenas  um  único  percurso  possível  de  carreira  em  uma  empresa:  a  linear.  Nessa  estrutura,  o  profissional  tem  três  possibilidades  de  movimentação na empresa: crescimento vertical, estagnação  ou  demissão.  Com  a  evolução  dos  estudos  relacionados  a  competências organizacionais e perfis profissionais,  tornou-se  claro que as pessoas não são iguais (Drucker, 1999).

Dessa  forma,  casos  em  que  “promoveu-se  um  grande  profissional  e  ganhou-se  um  péssimo  líder”  surgem  frequentemente  nas  conversas  corporativas.  Isso  significaria  simplesmente  incompetência  do  indivíduo?  Ser  ou  não  competente está longe de ser uma questão binária, mas sim  subjetiva,  pois  comprovar  competência  para  determinada  atividade não garante que se tenha o necessário para todas as  demais.  Situações  como  essa  mostram  que  a  carreira  linear  apresenta  limitações  para  o  crescimento  de  pessoas  com perfis  muito  técnicos  (Noe,  2002).  Como  as  pessoas  diferem  entre si, um percurso único de carreira não atende a todos os  perfis.  Reconhecido  isso,  a  energia,  os  recursos  e  o  tempo  devem ser dirigidos para transformar uma pessoa competente  em um astro de desempenho (Drucker, 1999).

Da  necessidade  de  utilizar  o  melhor  de  cada  um  surgiu  o  conceito  de  “Carreira  em  Y” (Figura 1),  um  sistema  de  promoção  cujas  ramificações  representam  evoluções  hierárquicas  paralelas  em  um  eixo  de  gestão  e  um  eixo  técnico especialista. Cada caminho tem uma série de degraus  e  respectivos  raios  de  atuação,  sempre  mais  exigente  e  melhor  remunerado  que  o  anterior  (Goldner  &  Ritti,  1967).  Por seu formato duplo, a carreira em Y se apresenta como um  plano de desenvolvimento de carreira que oferece, a partir de  determinada  senioridade,  mobilidade  ascendente  aos  profissionais  sem  requerer  que  eles  sejam  obrigatoriamente  alocados em posições de supervisão ou gerência para crescer  hierarquicamente  (Cesare  &  Thornton,  1993;  Noe,  2002).  Trata-se  de  uma  forma  de  promover  aqueles  com  formação  e/ou habilidade técnica específica, mas sem interesse ou perfil  para  perseguir  um  eixo  de  gestão  (Society  of  Human  Resources Management, 2010).

Para  que  uma  empresa  tenha  êxito  na  implantação  e  manutenção de  um modelo de carreira em Y,  “equidade”  é a  palavra  de  ordem.  Isso  significa  oportunidades  equivalentes  de remuneração, benefícios, status (Feuer, 1986), tomada de  decisão  (Buckles  et  al.,  1984)  e  desenvolvimento  (MichaelRoth, 1982) para ambos os caminhos.

Constata-se que há equidade quando os profissionais sentem  que ambas as trilhas de carreira recebem o mesmo prestígio  (Feuer,  1986).  Do  contrário,  qualquer  tipo  de  favoritismo  elimina  o  senso  de  equidade  e  faz  cair  em  descrédito  a  carreira em Y (Zanfardino, 2008)

Visualizar na integra o boletim em PDF:

 


VISUALIZAR ARQUIVO EM PDF