Andrade Gutierrez, Odebrecht e Camargo Correa serão contratadas do consórcio Norte Energia. Empresa já fala em custo maior que R$ 20 bilhões

 

O presidente da Eletrobras, José Antonio Muniz Lopes, confirmou nesta terça-feira, 24 de agosto, a participação das três grandes construtoras – Andrade Gutierrez, Camargo Correa e Odebrecht – nas obras da hidrelétrica de Belo Monte (PA-11.233 MW). O executivo salientou que as empresas atuarão como contratadas pelo consórcio Norte Energia, mas não descartou a entrada delas na sociedade de propósito específico. As construtoras trabalharão em conjunto com as outras empreiteiras da SPE.

“Vamos buscar fazer a obra no menor prazo possível, antecipar a entrada em operação, cumprir o cronograma; daí o interesse em querer juntar essas construtoras”, observou o executivo que participou do V Seminário Internacional do Setor de Energia Elétrica: Integração com Energia Renovável, realizado pelo Grupo de Estudo do Setor Elétrico da UFRJ, no Rio de Janeiro. Ele esclareceu que não sabia informar como se daria a atuação de cada construtora.

O contrato de outorga e concessão da usina será assinado na próxima quinta-feira, 26, em cerimônia com participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, em Brasília. Muniz Lopes não descartou a entrada de novos sócios na SPE, que já conta com 18, após a assinatura do contrato, inclusive das três construtoras. Mas, segundo ele, os futuros possíveis sócios terão que negociar com os atuais participantes.

Para Muniz Lopes, o maior desafio da Norte Energia é que o o projeto apresente a maior rentabilidade possível. Isso passa pelo valor da obra que, pela primeira vez, admitiu que possa ser maior que os R$ 19 bilhões previstos para o leilão. O executivo disse que esse valor foi fixado para definir o preço da energia para o Ambiente de Contratação Regulado.

Muniz disse que a Norte Energia trabalha com metas, que estão sendo cumpridas. “Isso significa que a nossa taxa de retorno será mantida. O valor total pode até ser superior a R$ 20 bilhões, mas sempre assegurando a taxa interna de retorno”, afirmou. Ele disse ainda que está sendo feita uma série de otimizações no projeto da usina, sem especificar quais.

A expectativa é que as obras da usina sejam iniciadas em janeiro do ano que vem, mas a mobilização do canteiro deve ser feita ainda este ano, com a emissão de uma licença de instalação parcial. Ele disse que a antecipação da entrada em operação da usina é possível porque o projeto de engenharia é simples, “mais até que Santo Antônio e Jirau”. “O problema é o tempo de fabricação das máquinas. Se os nossos fabricantes conseguirem antecipar, nós vamos sim antecipar a geração de Belo Monte”, frisou. Ele disse que os fabricantes serão os grandes instalados no Brasil.

Em relação aos 20% da energia da usina voltados para o mercado livre, que tem a compra garantida pela Eletrobras a R$ 130 por MWh, ele disse que o preço faz parte da estratégia de negócio. Como a energia entrará no sistema apenas em 2015/2016, Muniz Lopes sugeriu que o insumo poderia valer mais. A Eletrobras tem a opção de não exercer o direito de compra se houver ofertas de valor maior pela energia.

“Eu sempre disse que nós teríamos em Belo Monte um grande resultado. E é isso que nós vamos ter”, afirmou. A Norte Energia é formada por Eletrobras (15%), Chesf (15%), Eletronorte (19,98%), Petros (10%), Bolzano Participações (Neoenergia – 10%), Funcef (2,50%), Caixa FI Cevix (5%), J. Malucelli Energia (0,25%), Gaia (9%), Sinobrás (1%), Queiroz Galvão (2,51%), OAS (2,51%), Contern (1,25%), Cetenco (1,25%), Galvão Engenharia (1,25%), J. Malucelli Constrututora (1%), Mendes Junior (1,25%) e Serveng (1,25%).

(Fonte: Carolina Medeiros, Agência CanalEnergia)