A diretoria da Eletronorte está literalmente perdida no Tempus. Depois de firmar um acordo com os sindicatos sobre o Banco de Horas, vinculado ao acordo da Curva Tamburello, onde as horas positivas ou nega tivas acumuladas até junho deveriam ser compensadas ou pagas num período de seis meses, ou seja, até dezembro, agora os gestores, de posse de um novo controle de ponto, chegam ao limite do assédio moral para forçar os trabalhadores e trabalhadoras a “zerarem” suas horas positivas, inclusive mandando para casa quem está inscrito no PID. Como se isso não fosse pouco, colhem e-mails das pessoas para se armarem de pretextos para essa empreitada.
Em uma das apresentações da Empresa sobre o novo sistema eletrônico de ponto, chamado “Tempus”, o Sindicato criticou o foco excessivo no controle das horas dentro do ambiente de trabalho, quando já se deveria ter implementado, de fato, há muitos tempos, o Sistema de Gestão de Desempenho – SGD, com foco na produtividade e na qualidade do trabalho.
Além do envio de repetidas mensagens automáticas com o título “notificação de infração”, como se tratasse com delinquentes, gerentes despreparados têm chamado diariamente algumas pessoas aos seus “gabinetes” para impor-lhes o seu controle sobre o registro das horas trabalhadas.
É assim que a Eletronorte pretende ser uma empresa moderna e eficiente? É assim que almeja vencer os desafios que se apresentam pela frente? A diretoria da empresa caminha na contramão das melhores práticas de gestão e o clima criado de insatisfação e patrulhamento não é nada favorável à qualidade e eficiência do trabalho.
Esperamos que, depois desta semana de péssima experiência com o sistema Tempus, a diretoria da Eletronorte reavalie sua postura e oriente seus gerentes a tratar com mais respeito os trabalhadores e trabalhadoras, pois o Sindicato já está se municiando para entrar com ações judiciais por descumprimento de acordo coletivo na Justiça do Trabalho e por assédio moral no Ministério Público do Trabalho.
Ouvindo as mais variadas críticas e presenciando as reações à exposição feita pelos representantes da empresa em videoconferência, o STIU-DF exige novas atitudes da diretoria e algumas correções no sistema Tempus, que devem ocorrer com urgência, entre elas:
1) respeito ao ACT e revisão imediata das INs editadas unilateralmente;
2) respeito à autodeterminação de cada trabalhador(a), incluindo inscritos no PID, sobre suas horas;
3) fim de mensagens desrespeitosas e abordagens intimidatórias;
4) abono de 5 min. por turno ou 10 min. por dia, conforme previsto no § 1º do Art. 58 da CLT, para compensar eventuais transtornos no registro do ponto;
5) respeito às restrições ao trabalho e redução de carga horária por orientação médica;
6) abono das horas necessárias para consultas médicas;
7) abono para acompanhamento de saúde de parentes até 3º grau quando for necessário;
8) extensão do horário flexível da intrajornada até as 15h;
9) possibilidade de registro via computador, por parte do próprio trabalhador(a), da hora de retorno da intrajornada, quando esta ocorrer antes de completar 1h, pois, conforme a lei, o controle de acesso não pode interferir no controle de ponto. O acesso à empresa antes de se completar 1h de intrajornada geraria um aviso na catraca (acendendo as duas luzes, verde e vermelha) e um e-mail informando os horários já registrados, transferindo ao trabalhador(a) a responsabilidade de registrar no sistema o início do seu turno da tarde (respeitando o descanso mínimo de 1h).
10) falta ao trabalho só será efetivada após a Empresa esgotar todas as possibilidades de comunicação com o trabalhador(a).
Os trabalhadores e trabalhadoras da Eletronorte, neste ano em que a Empresa completa seus 40 anos, esperam dos gestores da empresa o mínimo de maturidade e bom senso para tratar de uma questão tão séria.