ELN

Os Diretores negociadores da Eletronorte, em reunião por eles solicitada para o dia 10 de setembro, demonstraram mais uma vez o desrespeito com o processo negocial que objetiva a quitação do passivo da Curva Tamburello, resultado do despreparo dos negociadores. Ao invés de reconhecerem que foi um completo desastre sua estratégia de vinculação de vários passivos ao processo da Tamburello (único cuja execução ameaça a empresa com o bloqueio de contas), apenas reiteraram as afirmações de que a empresa chegou ao seu limite. Por sua vez, o Sindinorte reafirmou em carta à diretoria da empresa o resultado das assembleias e reapresentou a contraproposta da categoria (veja carta do Sindinorte no verso).

Foi com surpresa que o Sindinorte recebeu carta da diretoria da Eletronorte – por sinal, amplamente divulgada aos(às) trabalhadores(as) – convocando as entidades para mais uma reunião, que deverá ocorrer hoje, às 17h30m. Afinal, na reunião do dia 10, os negociadores da empresa rechaçaram a possibilidade de qualquer reunião com toda a diretoria da casa, como havia sido solicitado pelo Sindinorte. Nessa carta, a diretoria da Eletronorte, maldosamente, insinua que os sindicatos não informaram amplamente o valor que a empresa ofereceu, e que o resultado das assembleias não representou “de forma fiel a vontade da categoria”. Tal alegação é, no mínimo, descabida uma vez que a proposta entregue oficialmente pela empresa já era de domínio publico antes da realização das assembleias.

Aliás, a própria empresa procura confundir os(as) trabalhadores(as) ao não deixar claro, na referida carta, que os R$ 250 milhões oferecidos representam, nada mais, nada menos, que a soma dos três passivos da Eletronorte: “Tamburello”, “Periculosidade” e “Horas Extras de viagem e Saldo de Horas”, incluindo os encargos, dados que a última nota do Sindinorte deixou claríssimos em forma de tabela (reproduzida ao lado).

A diretoria da empresa teima em não compreender que, quando se tratam de passivos trabalhistas, os sindicatos têm por obrigação realizar assembleias específicas, convocando apenas os(as) trabalhadores(as) envolvidos(as) em cada processo, para que uns não deliberem sobre o direito dos outros. Portanto, quando foram realizadas as assembleias em toda a Eletronorte para deliberar sobre o passivo “Curva Tamburello”, todos os envolvidos sabiam claramente que a proposta para essa questão era de R$ 223,4 milhões, com o acréscimo de mais R$ 10 milhões, que poderiam ser para cobrir os encargos deste passivo (ou ainda para complementar outro passivo, como disseram os diretores negociadores).

Ainda, ao “solicitar o empenho das entidades sindicais” a Diretoria parece esquecer que foi pelo empenho das entidades sindicais que o processo foi suspenso para negociação. Com esse mesmo empenho, a autonomia da negociação retornou para a Eletronorte, pois havia sido delegada para a Holding. Quem parece não ter envidado muito empenho em resolver esse imbróglio é a própria Diretoria da empresa, que vinculou a um processo já complicado, outros passivos que nada tem a ver com a Curva Tamburello, apenas para encobrir falhas de gestão praticadas pela própria diretoria, como é o caso do passivo da Periculosidade. Agora, tapam os olhos para não enxergar o problema criado. Com a proposta vinculada dessa forma, basta um grupo de trabalhadores(as) rejeitar a proposta apresentada que o pacote inteiro cai por terra.

Se alguém tem que lamentar “que ainda não foi possível o acordo”, são os(as) trabalhadores(as), que foram envolvidos(as) em um jogo de vaidades, orgulho e disputas internas. É sabido que o orgulho é mau conselheiro. Curioso é saber que o Presidente da Eletrobras, conhecedor de todo o processo de negociação, já percebeu que o certo seria resolver o passivo da Curva Tamburello e, em seguida, solucionar os demais passivos, tese defendida pelo Sindinorte desde o início.

Entretanto, apesar de toda essa maquinação por parte dos Diretores negociadores, o Sindinorte acredita que a Diretoria da Empresa possa ter a humildade de reconhecer que é praticamente impossível sonhar com uma solução única para tantos problemas, e resolva esses passivos trabalhistas, um de cada vez, iniciando pela Curva Tamburello, que é a “bola da vez”. Afinal de contas, é ela própria que diz que objetiva “uma última tentativa de solução da pendência”.

A Banca do Distinto

Não fala com pobre, não dá mão a preto
Não carrega embrulho
Pra que tanta pose, doutor
Pra que esse orgulho
A bruxa que é cega esbarra na gente
E a vida estanca
O enfarte lhe pega, doutor
E acaba essa banca
A vaidade é assim, põe o bobo no alto
E retira a escada
Mas fica por perto esperando sentada
Mais cedo ou mais tarde ele acaba no chão
Mais alto o coqueiro,
maior é o tombo do coco afinal
Todo mundo é igual quando a vida termina
Com terra em cima e na horizontal

(Billy Blanco, cantor e compositor paraense)


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