Levantamento da Codeplan, que começou em setembro de 2010 e traça um perfil do brasiliense em visitas a 24 mil domicílios, tem resultados parciais divulgados

 

As disparidades entre a Brasília dos ricos e a dos pobres foram confirmadas mais uma vez com a publicação de dados parciais da Pesquisa Distrital Por Amostra de Domicílios (PDAD), da Companhia de Planejamento do Distrito Federal. O levantamento, divulgado ontem, mostrou a diferença de renda domiciliar mensal entre os mais abastados, no Sudoeste — com R$ 12. 316 mil por mês — e os mais carentes, na Estrutural, com R$ 1.259 mensais. Informações sobre locais como Plano Piloto, lagos Sul e Norte e Park Way ainda não foram concluídas. A presidente da Codeplan, Ivelise Longhi, acredita que a situação vista nessas quatro regiões será semelhante à do Sudoeste.

 


Até julho, o levantamento deve estar completo. A intenção é traçar um perfil do brasiliense. Pelo menos 24 mil casas e apartamentos serão visitados até lá. A pesquisa começou em setembro de 2010. A PDAD deveria ser feita a cada dois anos, como estabelece a própria Codeplan. Mas não ocorria desde 2004. O último levantamento havia mostrado que 48% da população do DF era de brasilienses. Atualmente, verificou-se que 48,7% são nascidos na capital do país.

 


Foram avaliados fatores como porcentagem de acesso ao computador, infraestrutura (esgoto, abastecimento de água e iluminação pública), estrutura das famílias (lares sustentados por mulheres, renda familiar mensal e per capita) e educação (analfabetos e pessoas com nível superior), entre outros fatores diversos. O intuito é promover políticas públicas específicas para cada uma das regiões administrativas.

 


A cidade com a segunda maior renda domiciliar mensal do DF, Jardim Botânico, tem contrastes entre a riqueza e a falta de infraestrutura. Somente 4,1% dessa localidade tem rede de esgoto. Enquanto isso, a mais pobre, Varjão, conta com 99,7% de abastecimento. “Isso ocorre porque o Jardim Botânico não é área totalmente regularizada”, lembrou Ivelise.

 


Na pesquisa, verificou-se a relação entre maior renda e maior escolaridade. É no Sudoeste onde vivem os mais estudados (59,6% têm curso superior) e mais ricos. É a cidade com maior concentração de servidores públicos federais (33,4%) e do Governo do DF (21%). “É possível dizer que o Sudoeste é o lugar escolhido pelos novos servidores públicos para viver em Brasília”, disse Ivelise. Também nesse bairro registrou-se o menor número de pessoas por domicílio: 2,7. A cidade onde há mais habitantes em cada casa é a Estrutural, com 4,1.

 


Necessidades O Itapoã é onde existem mais crianças de até 9 anos: 21,6% da população total de 50 mil habitantes. “Agora, sabemos da necessidade de trabalhar creches e educação infantil nesse local. Vamos traçar um retrato da população para saber do que ela precisa. O mais importante é que já podemos dizer que Brasília tem uma cara, está consolidada”, explicou Ivelise Longhi.

 


No Gama, está a maior concentração de idosos: 18,5% dos habitantes. Taguatinga vem logo atrás com 18,3%. “Nesses pontos, uma das urgências é a saúde do idosos, os cuidados médicos, além de trabalhos sociais voltados à terceira idade”, ressaltou a presidente da Codeplan. A localidade com mais lares sustentados pelas mulheres é o Riacho Fundo (36,4%). Depois vem o Guará (35,7%) e em terceiro Taguatinga (34,2%).

 


Com a pesquisa incompleta, a Codeplan ainda não traçou o comparativo entre a situação do DF em 2004 e a atual. Adiantou, porém, que em Ceilândia a renda per capita não aumentou em 8 anos. Era de 1,2 salário mínimo e permaneceu assim. O número de analfabetos (3% da população) também não se alterou. “A PDAD vai orientar as secretarias responsáveis pelos setores para que planejem suas ações”, concluiu Ivelise.

 

Leilane Menezes (Correio Braziliense)