“Com a valorização do potencial de compra do trabalhador o mercado de consumo é beneficiado, ou seja, esta elevação é excelente”, diz Célio Fernandes, vice-presidente da CDL Cuiabá. No entanto, protesta ele, de outro lado temos um impacto bastante negativo no aumento de impostos em cascata sobre a folha salarial. “Somado este aumento às tantas burocracias, distorções que as regras da legislação trabalhista e medidas do governo impõem às empresas, temos um quadro que favorece a informalidade ou reduz as vagas de emprego, tirando, inclusive a liberdade de regulação do próprio mercado”, acredita o dirigente lojista.
O economista Edisantos Amorim acrescenta que, realmente, o custo a mais para as empresas, sobre cada empregado registrado na base salarial do Mínimo, vai muito além dos 77 reais por pessoa, pois os encargos se somam às outras despesas patronais sobre as quais incidem também impostos. “Uma empresa com 20 funcionários, o custo adicional da folha será de aproximadamente R$ 20 mil a mais (ao ano) em impostos”, exemplifica.
Para Célio, o Governo precisa equilibrar aumentos com desoneração da folha de pagamento. “Quando se fala em distribuição de renda por meio do salário mínimo aumentado, na prática não funciona tão bem assim, porque temos a tributação sobre este acréscimo, tanto para o empregado quanto para as empresas”, diz ele, concluindo que Governo e empresariado precisam pensar em como aumentar a empregabilidade, “não reduzi-la por meio do encarecimento e burocratização do processo formal”. Prever a alta de preços em produtos de diversos segmentos tendo em conta a maior despesa das empresas também não está distante deste raciocínio, pois na planilha de custos de qualquer empreendimento, os gastos com salários e tributos são repassados ao valor final das mercadorias e serviços.
Consumo – Estes R$ 63,98 bilhões refere-se a 66 milhões de brasileiros. E a nova classe média responderá por 75,5% da fatia. O levantamento orienta empresas sobre para onde dirigir, cada vez mais, produtos e serviços, despontando a Classe C, que deterá R$ 48 bilhões deste saldo em 2012, “valor maior que o PIB da Bolívia e do Paraguai”, ressalta Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular.
As classes D e E aparecem com mais R$ 12 bilhões, o que equivale ao montante pago pelo Bolsa Família em 2011. E, segundo o Data Popular, a faixa de renda dos emergentes englobará, significativamente, novos cidadãos ano a ano. “A nossa perspectiva é de que grande parte da Classe D seja Classe C já em 2014, enquanto a Classe C estará a um passo da sua extinção”, estima Meirelles.
(Olhar Direto, 2.02.12)
