Revolução no sistema público de saúde. A promessa é feita por todos os candidatos ao Buriti. Nos palanques e no corpo a corpo diário, o tema é tratado como prioridade. Segundo os políticos, o foco na área se dá pela situação precária dos hospitais públicos, pela falta de remédios, pelo atendimento insatisfatório e pela baixa remuneração dos profissionais. O assunto é tratado de forma tão séria que os principais nomes das duas maiores coligações prometem assumir a pasta.

O candidato a governador pelo PT, Agnelo Queiroz, é cirurgião e trabalhou nos hospitais de Base e do Gama. Ele afirma que cuidará pessoalmente da saúde no início do mandato, caso seja eleito. “No meu primeiro dia de governo já assumo diretamente a gestão. Serei eu o secretário de Saúde”, garante. Agnelo promete despachar, pelo menos uma vez por semana, de dentro de um hospital público. A meta é percorrer, com o secretariado completo, todas as unidades hospitalares até o centésimo dia da sua administração. “Um secretário isoladamente não consegue mobilizar o governo como um todo para resolver o problema da área, mas eu, como governador, conseguirei. Vou colocar todos os setores empenhados em uma ação para recuperar a Saúde no DF”, destaca.
Entre as principais propostas do petista está o programa Saúde da Família. Agnelo quer aumentar de 96 para 400 o número das equipes. Ele também promete informatizar a rede para controlar o abastecimento das farmácias. “É inadmissível que as pessoas precisem de liminares na Justiça para garantir UTI e remédio”, diz.

O Entorno também está no programa do petista. A região é apontada como origem de grande parte da demanda dos hospitais. Segundo Agnelo, é preciso buscar parcerias com o governo federal para resolver o problema. “Não é pegar esse dinheiro e aplicar no mercado financeiro, como faziam as gestões passadas. É para aplicar na Saúde mesmo”, ressalta. A observação atinge um aliado do ex-ministro do Esporte. A gestão do deputado federal Augusto Carvalho (PPS) na Saúde foi criticada por manter repasses da União em aplicações financeiras do Banco de Brasília (BRB). Carvalho é candidato a deputado federal pelo grupo de Agnelo.

Experiência
Na coligação Esperança Renovada, o candidato a governador Joaquim Roriz (PSC) disse que, se eleito, o responsável pela Saúde será o vice-governador, Jofran Frejat (PR). “Não preciso ser, obrigatoriamente, o secretário da pasta, mas vou coordenar diretamente todas as ações da área”, garante Frejat. Ele é deputado federal e foi secretário de Saúde do DF por quatro vezes. Na primeira experiência, diz ter encontrado situação semelhante à da atualidade. “Quando assumi, em 1979, o caos era igual. Em dois anos, a gente mudou a cara da Saúde”, afirma. Frejat acredita que, no mesmo prazo, conseguirá promover as mudanças necessárias.

No centro do plano de governo de Roriz e Frejat estão obras como a da Cidade da Saúde, que promete ser referência de ensino, pesquisa e atendimento especializado. “Também vamos construir um hospital para cada região administrativa com mais de 100 mil habitantes”, afirma Frejat.

Algumas iniciativas fazem parte da plataforma dos dois candidatos, como a instalação das policlínicas, o investimento no Saúde da Família e a informatização da rede (veja quadro). Outro ponto destacado pelas coligações é a valorização dos profissionais da área. “Vamos rever a questão salarial a fim de melhorar a satisfação nos hospitais e, consequentemente, o atendimento à população”, diz Frejat.

Toninho do PSol destaca as experiências de ambos os grupos — de Agnelo e de Roriz — na gestão da Saúde. “Um governo liderado por Agnelo e Tadeu Filippelli (PMDB), que tem uma concepção privatista, não terá condições para fazer as mudanças necessárias, até porque um dos principais responsáveis pela situação caótica de hoje é o Augusto Carvalho, que está na aliança com eles”, dispara. Sobre o lado azul da disputa, ele também faz críticas: “Roriz e Frejat, eu até desconsidero, porque dos últimos três governos eles estiveram em dois e têm uma profunda responsabilidade pelo caminho de descaso com a Saúde”, acrescenta. Para Eduardo Brandão (PV), é preciso focar na prevenção das doenças e no atendimento domiciliar.

(Fonte: Ricardo Tafner, Correio Braziliense)