Neste 8 de março é fundamental destacar não apenas as conquistas históricas e os avanços na luta por igualdade de gênero, mas também as adversidades que ainda assolam muitas mulheres em seus ambientes de trabalho. Uma dessas adversidades vem à tona com a privatização da Eletrobras, a maior empresa do setor elétrico na América Latina, que tem colocado em xeque direitos trabalhistas historicamente conquistados, impactando diretamente as mulheres.

São várias as mudanças impostas pela direção da Eletrobras pós-privatização, o que têm gerado grande preocupação por parte do STIU-DF. Dentre elas, cabe destacar a ameaça de extinção do auxílio educacional, um benefício que há décadas tem sido um suporte essencial para trabalhadores e trabalhadoras da empresa e seus familiares. A perda desse benefício, em especial, afeta diretamente as mães, pois muitas serão obrigadas a retirar seus filhos das escolas em que já se encontram matriculados.

A nova gestão da Eletrobras defende que o benefício deve ser destinado diretamente ao trabalhador e a trabalhadora, e não aos seus dependentes. Este argumento ignora a realidade de inúmeras trabalhadoras que, em suas triplas jornadas, lideram sozinhas seus lares e dependem desse tipo de apoio para garantir a educação de seus filhos. A retirada deste auxílio pode representar um retrocesso significativo, principalmente para mulheres chefes de família, que já enfrentam desafios para manter sua estabilidade econômica e social.

Além disso, é importante ressaltar o contraste entre o tratamento dado às trabalhadoras e trabalhadores e à alta direção da empresa. Enquanto se propõe cortes significativos em benefícios para a categoria, os aumentos salariais da direção ultrapassaram os 300%, evidenciando uma desconexão com o “discurso” de dificuldade financeira da empresa para justificar uma possível retirada de direitos.

Este cenário é particularmente emblemático no contexto do Dia Internacional das Mulheres, um momento em que empresas, incluindo a Eletrobras, costumam expressar seu apoio a luta das mulheres por direitos equânimes. No entanto, as ações em curso dentro da empresa apontam uma contradição entre o discurso e a prática, considerando que, logo após a data comemorativa, inicia-se a data-base da categoria eletricitária, é que a empresa já vem sinalizado a intenção de reduzir direitos.

A situação das trabalhadoras da Eletrobras reflete um problema mais amplo de como as privatizações podem afetar negativamente os direitos da categoria, sobretudo das mulheres, que frequentemente já estão em posições de desvantagem no mercado de trabalho. A situação atual da categoria eletricitária evidencia a importância da defesa dos direitos das mulheres e do fortalecimento do patrimônio público.

Enfim, basta de discurso vazio. A contradição na afirmação de uma empresa diversa e inclusiva está explícita na composição alta governança, dos mais de 10 gestores, há apenas 01 (uma) mulher nesse espaço de poder e dos altos salários. Neste 8 de março, as mulheres eletricitárias estão em luta por mais igualdade de oportunidades e equidade.

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