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Exm.ª Presidenta Dilma,

 

Vossa Ex.ª, que participou de perto da construção do novo modelo do setor elétrico e conhece como poucos sua importância estratégica, pôde nesses últimos anos comprovar a seriedade, o compromisso e o respeito que os eletricitários dedicam ao setor.
Por se tratar de uma das mais estratégicas categorias para o desenvolvimento e crescimento do Brasil, nada mais esperado que o justo reconhecimento às trabalhadoras e aos trabalhadores que constroem o Sistema Eletrobras, gerando, transmitindo e distribuindo energia elétrica por todas as regiões do País. Entretanto, a categoria eletricitária entra no quarto mês de negociação da data-base 2011 apreensiva com a forma como o governo vem conduzindo o processo negocial e o rumo que a campanha salarial vem tomando.
Historicamente, as trabalhadoras e os trabalhadores do Sistema Eletrobras têm participado ativamente da construção do setor elétrico brasileiro estatal, haja vista as ações políticas desencadeadas contra as privatizações; as discussões que ocorreram sobre o novo modelo do setor elétrico; as ações políticas em defesa do AHE Belo Monte, com participação decisiva em uma das maiores audiências publicas já realizadas; os debates promovidos para discutir as concessões do setor elétrico; e a compreensão e o esforço dos 27 mil trabalhadores e trabalhadoras do Sistema para que a Eletrobras seja a “Petrobras do setor elétrico”.
Neste último processo, confiando na unificação de procedimentos e benefícios, a categoria eletricitária foi prejudicada em alguns pontos por uma uniformização pela média, porém entendeu a necessidade de avançar na implantação da Nova Eletrobras, com o entendimento de que o governo manteria a política de reconhecimento e valorização do setor, e consequentemente, de sua classe trabalhadora.
É inadmissível que o governo se aproveite da responsabilidade do movimento eletricitário, que sempre pautou as paralisações da categoria sem afetar os serviços essenciais e com total respeito à sociedade. Não é possível entender por que, neste momento, o governo sinaliza com interditos proibitórios e atitudes que, além de caracterizarem assédio moral, colocam em xeque o ambiente de respeito construído no decorrer do governo democrático e popular e que está sendo continuado por Vossa Ex.ª. Será que “quanto pior, melhor”?
Esses atos são, no mínimo, contraditórios no cenário em que o próprio governo edita e regulamenta instruções sobre a participação de representante dos trabalhadores e das trabalhadoras no Conselho de Administração das Empresas, avanço que possibilita mais um espaço no processo de discussão e tomada de decisões. Afinal, quem melhor para discutir sobre as empresas senão as pessoas que a constroem?
A categoria tem a clareza do momento econômico pelo qual passa o País e as indefinições no cenário internacional, porém, não pode deixar de considerar que em negociações passadas, em anos de igual dificuldade, percebeu ganho real de salário e abono, sob a ótica de que a valorização salarial era o melhor caminho para conter a crise.
A sinalização por parte do governo de que serviremos de parâmetro para as demais categorias, pelo simples fato de sermos a primeira estatal a entrar em data-base, é inadmissível. Não jogaremos nossa história no lixo. Coerentes com nossa trajetória de luta, mantereremos a postura de acreditar no diálogo em busca de alternativas – para tanto, um canal de negociação é imprescindível. O Governo não pode querer balizar todas as categorias dentro de uma mesma fôrma, sem considerar as especificidades e o histórico de cada uma. Basta olhar para os anos anteriores e constatar que o Governo, apesar do ganho real e do abono salarial conquistados pelos eletricitários, concedeu índices superiores a outras categorias.
Ex.ª Presidenta Dilma, apoiamos incondicionalmente sua atitude no campo ético, ao extirpar da estrutura do Estado pessoas que se utilizam de cargos para se apropriar da coisa pública. De fato, em seu discurso de posse, Vossa Ex.ª afirmou de maneira inequívoca que seu governo não teria “compromisso com o erro”. Da mesma forma, também no campo da infraestrutura do Estado, não se pode embarcar no erro de dar ouvidos ao fácil discurso neoliberal de que os salários alimentam a inflação. Os salários alimentam o desenvolvimento.
É necessário e urgente que se retome um processo negocial sério e respeitoso que analise com fatos e dados a posição estratégica do setor, a produtividade e nossa contribuição ao crescimento e desenvolvimento do País. As trabalhadoras e os trabalhadores do setor elétrico brasileiro precisam ter o reconhecimento do seu valor, não só do ponto de vista histórico, mas também em relação a sua grande importância estratégica na conjuntura nacional. Afinal, o desenvolvimento do País começa pelo setor de energia, e necessariamente a energia elétrica, denominador comum de toda e qualquer demanda, razão pela qual queremos luz para todos os brasileiros e brasileiras.

PELA RETOMADA DAS NEGOCIAÇÕES!
PELA VALORIZAÇÃO DA CATEGORIA ELETRICITÁRIA!
ENERGIA É VIDA, ENERGIA É DESENVOLVIMENTO!


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