O início do governo Lula encheu de esperanças um povo que, desde o golpe de 2016, viu a democracia sendo esmagada, os direitos pulverizados e a soberania nacional vilipendiada.

O espetáculo popular da posse no dia 1° soltou um grito que estava entalado na garganta do povo: Sem Anistia! Não basta ter de volta aquilo que foi destruído e roubado pelos bolsonaristas, é necessária a punição aos culpados.

A tentativa de golpe do dia 08/01 deixou claro que tipo de gente são os bolsonaristas. Não respeitam a vontade popular expressa nas urnas, não respeitam as instituições democráticas, não respeitam o patrimônio do povo, nem a lei. Para o bolsonarismo a democracia é apenas um obstáculo para seu projeto ditatorial de exploração do povo e da pátria.

Depois de anos de destruição, de uma campanha sórdida de intimidação, mentiras e violência e dos ataques às sedes dos três poderes, o que justifica a permanência em postos estratégicos do governo Lula de figuras proeminentes dos governos Temer/Bolsonaro?

Causou enorme estranheza a insistência do Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em indicar para o segundo posto mais importante do Ministério o Senhor Bruno Eustáquio, notório bolsonarista e um dos principais operadores daquele que pode ser considerado o maior crime de lesa pátria do século, a privatização da Eletrobras.

Eustáquio foi secretário executivo adjunto do MME na gestão Bolsonaro e seu nome foi bancado pela senhora Marisete Dadald, ex-secretária executiva do MME naquele governo e que, após preparar a entrega da Eletrobras foi ser conselheira da empresa.

A camarilha que privatizou a Eletrobras trabalhou dentro do governo para entregar a empresa. E depois foram para a Eletrobras privada, onde aumentaram absurdamente os próprios salários. Não satisfeitos com isso, atuam agora para ocupar os principais postos dentro do MME.

Não é exagero afirmar que hoje quem dá as cartas no MME é a senhora Marisete. É de conhecimento público que esta senhora, administradora de uma empresa privada, despacha quase diariamente de dentro do Ministério de Minas e Energia.

Além dela, o próprio ex-ministro Bolsonarista, o Almirante entreguista Bento Albuquerque, virou “consultor” do atual ministro Alexandre Silveira, mesmo atuando em uma empresa privada neste momento.

Diante da negativa do governo em nomear o pupilo da senhora Marisete, parece que o Ministro resolveu dobrar a aposta e enviou à Casa Civil o nome da própria Marisete!

Alguém já avisou ao senhor Ministro que desde primeiro de janeiro o Presidente da República é Luís Inácio Lula da Silva e não Bolsonaro?

Será que o senhor Ministro entende que o atual governo é de continuidade com relação ao anterior?

Por acaso o senhor Ministro não leu o programa de Governo do presidente Lula, no qual está expressamente declarada a necessidade de “recuperar” o papel da Eletrobras “como patrimônio do povo”? Será que ele interpretou essa frase como entregar a gestão do MME para o grupo que controla Eletrobras privada?

O senhor Ministro tomou conhecimento do Relatório da Transição que denunciou um rombo de mais de R$ 500 bilhões a serem pagos pelos consumidores nos próximos anos por conta da incompetente e irresponsável equipe que esteve à frente do MME no governo Bolsonaro?

Será que o senhor Ministro leu o Relatório da Transição? Será que ele não viu que o principal desafio será enfrentar as danosas consequências da privatização criminosa da Eletrobras, levada a cabo justamente pela equipe que dirigiu o MME no governo passado? Será que ele acha que a melhor forma de resolver um problema é mantendo no MME os causadores do problema?

A quem interessa esta insistência do senhor Ministro em manter no MME a equipe de Bolsonaro e que hoje está instalada na cúpula da Eletrobras privada? Será o medo dessa gente de Lula cumprir a promessa de desfazer a patifaria da privatização? Será a tentativa de usar o MME para aprovar mudanças regulatórias que beneficiem a Eletrobras privatizada? Será a tentativa de apagar os rastros dos crimes envolvidos na privatização?

Até agora, na avaliação dos eletricitários, os sinais emitidos pelo senhor Ministro são os piores possíveis. No dia 10/01 recebeu por mais de 2 horas a diretoria da Eletrobras privada, mas até hoje não deu se quer resposta ao pedido de reunião feito pelo CNE no dia 03 de janeiro. Por que esse privilégio de forma descarada ao grupo que hoje comanda a Eletrobras privada?

Cabe registrar que até mesmo no governo Bolsonaro, o ex-Ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque recebeu os eletricitários para reunião em janeiro de 2019. Por que agora em pleno governo Lula não temos sequer uma resposta aos pedidos de reunião com o Ministro Alexandre Silveira?

A conclusão a que chegamos é que para o setor elétrico e para os eletricitários o governo Bolsonaro não acabou. Será que até agora, ao invés de reestatização da Eletrobras, o que estamos vendo é a privatização do Ministério de Minas e Energia?