fnu

Os trabalhadores do Sistema Eletrobras vêm sendo duramente penalizados pelo Governo Federal, que vem negando sistematicamente as reivindicações da categoria, ao passar para a sociedade que aumento de salário gera inflação. O Governo Dilma, que por um lado vem mantendo o crescimento econômico mesmo com a crise nos países desenvolvidos, por outro lado pode comprometer essa trajetória sob a justificativa do controle inflacionário, valendo-se de um discurso retrógrado baseado no arrocho salarial, que empobrece os trabalhadores. Este receituário o Brasil do governo Lula não seguiu, o que fez a diferença em relação aos países que ainda estão em crise e que continuam adotando um caminho conservador para sair do fundo do poço, o que tem como resultado a recessão, privatização e desemprego.
O risco que o Governo enfrenta ao apostar nessa política é frear o desenvolvimento econômico do país. Ao reivindicar o ganho real de salário, os trabalhadores querem apenas o que lhes é devido; afinal, as empresas se apropriam do ganho de produtividade gerado por aqueles que suam a camisa, fornecendo energia, item essencial à vida e à atividade econômica.
No Governo Lula, a adoção do aumento da massa salarial como forma de continuar o crescimento do país foi uma atitude de coragem e independência de um governo no qual os trabalhadores do setor elétrico federal reconquistaram sua autoestima, afastaram o risco das privatizações, tiveram os benefícios unificados com igualdade de direitos, além de conquistarem ganho real de salário, um enorme avanço, mesmo sabendo que estes ganhos se deram em um patamar abaixo de outras categorias.
Foi com a esperança da continuidade dessa política de respeito aos trabalhadores que ajudamos a eleger esse Governo; entretanto, a indiferença aos pleitos da categoria tem sido a prática dessa gestão, que prefere até aqui ser pautada por setores conservadores em suas ações. Uma prova disso é a tentativa de encerrar as negociações por decreto, uma atitude antidemocrática que lembra os tempos mais obscuros da nossa História, em que os canais de negociação praticamente não existiam, levando os trabalhadores a intensificar o processo de luta.
As direções das empresas cumprem hoje um papel secundário, até mesmo subserviente, revelando uma fragilidade total diante das imposições do Governo. Essa postura mostra que, na verdade, o que existe hoje dentro das empresas do Sistema Eletrobras é a necessidade de cada diretor preservar o seu cargo. Nessa conjuntura, as negociações do nosso ACT são jogadas para debaixo do tapete, como aconteceu nestes dias 12 e 13 de julho, quando fomos surpreendidos com o cancelamento por parte do Sistema Eletrobras da rodada de negociação em Brasília.
Em todas as rodadas de negociação, as Direções das empresas se colocaram de forma inerte, sempre repetindo que recebiam ordens do Governo e do DEST, e que estavam ali somente para reproduzir o que as instâncias superiores mandavam. Ou seja, sem nenhuma autonomia nas negociações ou ao menos o mínimo esforço para manter uma negociação séria com os trabalhadores. Uma atitude lamentável, de uma gestão conservadora no modelo e nas suas atitudes de desrespeito à categoria.
A resposta dos trabalhadores a essa falta de compromisso com as negociações será dada com muita luta. Neste sentido, o CNE encaminha a proposta de paralisação por 48 horas em todo país, nos dias 20 e 21 de julho. Vamos mostrar que o discurso de que salário gera inflação não cola, por isso, exigimos o ganho real e o avanço em outras cláusulas de nossa pauta de reivindicações.
A pergunta que fica é a seguinte: Será que o Governo Dilma pretende repetir as práticas que levaram ao apagão de 2001 e que também contribuíram para a derrota do modelo neoliberal no país nas eleições de 2002?

 


VISUALIZAR ARQUIVO EM PDF