Foram trabalhadoras e trabalhadores de Furnas, da ativa ou aposentados, que levantaram e hoje operam essa empresa gigante presente em quinze estados da federação e no Distrito Federal. São vocês que merecem os parabéns pelas nossas vinte e uma hidrelétricas, duas termelétricas, um complexo eólico e o erguimento das duas termonucleares de Angra 1 e Angra 2.

São vocês os responsáveis por operar setenta e duas subestações e trinta e cinco mil quilômetros de linhas de transmissão. Vocês, gente de Furnas, são guardiões de 40% da energia elétrica consumida no Brasil. São também responsáveis pelos nossos sucessivos resultados financeiros bilionários e por todo atingimento de metas operacionais. Vocês fazem de nós de Furnas, referência, potência, vanguarda.

É preciso enaltecer especialmente os que trabalham hoje em Furnas também por sua resistência aos maiores ataques que a força de trabalho desta empresa sofreu em toda a sua história de 65 anos. Vocês que lutam, que são resistência contra a precarização das condições de trabalho e a nefasta privatização de Furnas e da Eletrobras. Sim, vocês nos enchem de orgulho e satisfação!

É preciso sim reconhecer o valor da nossa resistência em uma data tão importante porque não podemos fechar os olhos para o que tem acontecido pelo menos desde 2019 quando entrou este novo governo no Brasil.

Com encomenda feita pelo ex-presidente do Conselho de Administração de Furnas Wilson Pinto Jr, a nova diretoria chegou aqui disposta a aniquilar a história da empresa. Os diretores (especialmente os que chegavam da EMAE) diziam abertamente que queriam uma quebra de cultura e que eram a favor da privatização e que não mediriam esforços para alcançar seus objetivos. No episódio da mudança de sede da Real Grandeza para a Graça Aranha era comum se ouvir frases como “é preciso quebrar a espinha dorsal, mudar a cultura estatal”. Ora, senhores aprendizes de feiticeiros que vieram de uma empresa pública, foi Furnas Estatal que levantou tudo o que temos até hoje, inclusive a energia elétrica que vocês consomem.

Outro episódio lamentável foi a demissão de mais de mil contratados. Pessoas que ajudaram a levantar esta empresa e foram desligadas como um interruptor.

De lá prá cá, são planos de demissões sucessivos, com ameaças de demissões sumárias e cumprimentos de “metas”, destruição do nosso plano de saúde com cancelamento de CPFs, custeio absurdo e coparticipação abusiva, precarização do Fundo de Pensão com a criação do Futurus. Ainda a repulsar, as pedaladas nas PLRs, a redução drástica e unilateral das diárias de viagem e refeição, a determinação de uma norma desvantajosa e desequilibrada de teletrabalho, a imposição do retorno ao trabalho presencial com números assustadores da COVID-19 e os “estudos” para que trabalhadores ainda que infectados da COVID cumpram suas funções laborais. Furnas é, de fato, o “purgatório da beleza e do caos”!

Tentam dourar a pílula com perfumarias, quinquilharias como startups, inovação, mindset, pseudomeritocracia. Tudo um grande engodo! Para a atual gestão de Furnas, quanto pior pra nós, melhor pra eles. É com o dinheiro que economizam cortando os nossos direitos que estes playboys passageiros cotam aluguel de jatinho, helicóptero, doação política de balsas, carro blindado e, pasmem, uma festa com pompa e circunstância para receber o Ministro de Minas e Energia na Usina de Furnas em 14/03 (data prevista para a publicação do balanço da privatização. Estejam avisados que seremos resistência máxima!

Nós que entramos nessa empresa por concurso público, pela porta da frente, de cabeça erguida honrando a Constituição de 1988, temos repugnação pelas atitudes nefastas destes aventureiros efêmeros com apadrinhamento político, mercenários da destruição.

Sabemos o que vocês pretendem! No prospecto da AGE da privatização da Eletrobras vocês nos tratam, a nós pais e mães de família de Furnas e da Eletrobras, como “alavancas de criação de valor”. No bom português: após a privatização seremos oportunidades de ganho de sinergia com fusão de subsidiárias, substituição de empregados por mão de obra terceirizada e automação desenfreada de processos. Não é à toa que começam a mapear em toda a Eletrobras nossas atividades para “repasse de conhecimento” no malfadado “Projeto Ágil” que visa que pavimentemos o caminho da nossa própria demissão.

Apesar de vocês, diretores de ocasião, amanhã há de ser outro dia! Nós vamos olhar uns para outros com o orgulho de termos vencido a luta, de termos superado este pesadelo. Nós de Furnas fizemos história nessa gigante estatal de 65 anos e números pujantes. Não serão os entreguistas do momento que irão nos derrotar! Parabéns povo de Furnas 65 anos de luta, de resistência, de pioneirismo e excelência! Tem luta!

Reprodução boletim Intersindical Furnas.