Na manhã desta quinta-feira (27) os trabalhadores e trabalhadoras do Sistema Eletrobras, com apoio de movimentos populares nacionais e internacionais, realizaram, de modo virtual, uma plenária nacional unificada dos eletricitários. A atividade, que contou com a participação de aproximadamente 750 pessoas, teve como objetivo debater a greve por tempo indeterminado e tratar da privatização da Eletrobras e suas subsidiárias.
O movimento grevista dos eletricitários teve início no dia 17 de janeiro com a participação dos trabalhadores do Cepel, Furnas e Eletrobras. A partir do dia 24, a greve ganhou mais força com a adesão dos trabalhadores de outras subsidiárias, como Eletronorte e CGT Eletrosul.
A greve foi desencadeada devido à imposição da empresa na retirada de direitos e benefícios da categoria eletricitária, como a alteração no plano de saúde. Na pauta da greve também está a luta contra o processo de privatização das empresas do sistema Eletrobras.
O Coordenador do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), Jorge Costa, destacou que a greve dos trabalhadores, diante da conjuntura apresentada aos profissionais da Eletrobras, é fundamental, bem como, a unidade da categoria na luta em “respeito aos nossos direitos e contra o desmonte do patrimônio da nação”. Ele ressaltou ainda que o movimento é “justo e legal”.
Para a diretora do Sindicato dos Urbanitários no DF (STIU-DF) e coordenadora do CNE, Fabiola Antezana, a greve é um grande desafio, principalmente, por acontecer com parte da categoria em teletrabalho. No entanto, a dirigente salienta que a adesão ao movimento tem acontecido de forma positiva.
Ao que se refere à venda da Eletrobras, Antezana disse que a privatização está sendo feita de forma açodada e cheia de falhas. Nesse sentido, a greve tem como papel denunciar todas essas irregularidades para barrar a entrega da Eletrobras à iniciativa privada.
A representante da Intersul, Cecy Marinon, convocou toda a categoria eletricitária a aderir ao movimento. “Só na luta se mantém direitos”, disse.
O representante da Associação dos Empregados de Furnas (ASEF), Victor Costa, explicou que “a greve é um momento extremo da categoria”, mas necessário diante das arbitrariedades da direção da empresa. Costa denunciou que está havendo um forte “processo de truculência e assédio devido à adesão forte dos trabalhadores” no movimento grevista.
O coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Leonardo Maggi, disse que a greve dos eletricitários é um movimento decisivo para os rumos do Brasil. Para ele, diante do “saqueio do patrimônio público” vivido nos últimos anos, tendo a Eletrobras como alvo nesse processo, é urgente potencializar a participação de outras categorias, de movimentos populares e a sociedade na luta de contra a privatização da estatal.
Maggi lembrou do desastre de Brumadinho, que completou três anos neste mês, e deixou um rastro de precariedade e centenas de trabalhadores mortos. Segundo o coordenador, essa é a lógica de funcionamento das empresas privadas que têm tomado conta do Brasil.
O representante do MAB realçou também os impactos imediatos da privatização da Eletrobras para a população brasileira, como o aumento exorbitante na conta de luz de toda a sociedade, que deve ser de no mínino 25%, além da precarização na prestação do serviço.
Ele ratificou o compromisso do Movimento dos Atingidos à luta em defesa da Eletrobras pública.
Ao final da atividade, os participantes aprovaram uma moção de repúdio contra a direção da Eletrobras Eletronorte que tem realizado práticas antissindicais e de assédio moral contra os trabalhadores e trabalhadoras da empresa e convocaram toda a categoria a aderir o movimento grevista por tempo indeterminado.