O Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) se reuniu em Brasília, entre os dias 13 e 15 de janeiro, para a 5° Plenária Unificada de Planejamento 2022. A atividade teve como objetivo analisar a conjuntura política e econômica do país e do setor elétrico brasileiro para auxiliar na organização da categoria eletricitária no processo de luta em defesa da Eletrobras pública e dos direitos da classe trabalhadora.
Dirigentes sindicais de todas as regiões do país, representantes de centrais sindicais, parlamentares e especialistas do setor elétrico discutiram ainda sobre o processo eleitoral que acontece no mês de outubro, que deverá representar um novo projeto para o Brasil, e as consequências da pandemia para a classe trabalhadora e à política nacional. Temas como Acordo Coletivo de Trabalho, plano de saúde, Participação nos Lucros e Resultados também estiveram presentes nos debates.
O Coletivo Nacional destacou que a classe trabalhadora vive um “contexto desfavorável” assim, é necessária uma luta estratégica “que articule questões do setor elétrico com geração de empregos e distribuição de renda ao povo brasileiro”.
De acordo com o coordenador do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), José Silvestre, o cenário econômico do futuro governo não será fácil. Para ele, diversas mudanças terão de ser realizadas para tentar recuperar a economia, dentre as ações “revisar a reforma trabalhista, que não gerou empregos e ainda causou danos aos trabalhadores”, indica o coordenador.
Para o STIU-DF, diante da conjuntura de retrocessos dos últimos anos para os eletricitários, o encontro se fez necessário e urgente para garantir novas diretrizes de luta para a categoria e às entidades sindicais, seja a partir da reconstrução de uma agenda unitária em defesa do patrimônio público, seja pela ampla e irrestrita mobilização de todos os trabalhadores e trabalhadoras do sistema Eletrobras.
Patrimônio Público
O presidente do Partido dos Trabalhadores no DF, Jacy Afonso, fez uma retrospectiva do importante papel das estatais no Brasil. Para ele, a partir de uma postura ativa das estatais é que foi possível manter a economia brasileira estável mesmo diante da crise mundial enfrentada em 2008.
Afonso ressaltou que após o golpe foi iniciada uma política de desmonte das estatais para acelerar as privatizações. No entanto, com a perspectiva de retomada do poder, “as empresas públicas serão imprescindíveis à reconstrução da economia”. Ele disse ainda que o papel das entidades sindicais será fundamental no próximo período, seja para resistir, seja para guiar o governo para o eixo popular.
A doutora em Ciências Econômicas e diretora do Instituto Ilumina, Clarice Ferraz, criticou o processo de privatização da Eletrobras e apontou a estatal como essencial para garantir o desenvolvimento econômico e social no país. Ferraz disse ainda que é urgente a discussão sobre o papel dos reservatórios das hidrelétricas em momentos de crise e mudanças climáticas.
Ao reforçar a importância da Eletrobras pública para a população brasileira e à soberania nacional, a deputada federal Erika Kokay (PT-DF), parabenizou o CNE pela luta em defesa da estatal elétrica e enfatizou a necessidade da permanência da luta contra a privatização da Eletrobras.
Na ocasião, o Coletivo Nacional realizou um balanço das três frentes de atuação na luta em defesa da Eletrobras pública: política, jurídica e comunicação. Com isso, os participantes definiram estratégias e ações para o próximo período e reforçaram que é preciso ter coragem e disposição para a construção de um processo coletivo de luta e organização.