Reprodução CUT Distrito Federal.

Em 20 de novembro ─ Dia da Consciência Negra ─, brasileiras e brasileiros voltam às ruas pelo impeachment imediato do presidente da República. Sob o mote “Fora Bolsonaro Racista”, a mobilização de sábado unifica a luta antirracista e as pautas urgentes da classe trabalhadora, como geração de emprego com direitos, pelo fim da fome e da miséria e contra a política econômica implementada pelo governo federal.

No DF, o ato será realizado no Museu da República, a partir das 15h e deve reunir milhares de pessoas, como tem ocorrido nas ultimas mobilizações contra Bolsonaro. Haverá arrecadação de alimentos e absorventes para doação. Ações diversas acontecerão em todo o país.

“O ato do dia 20 acontecerá em um dia histórico, que é o Dia da Consciência Negra. Devido a essa data tão importante, a Campanha Fora Bolsonaro se juntou aos movimentos negros para intensificar a mobilização”, afirmou a secretária de Mobilização e Relação com Movimentos Sociais da CUT-DF, Leilane Santos.

De acordo com Leilane, os movimentos que organizam o ato estão produzindo também um manifesto que aborda a importância do dia 20, como uma conquista do movimento negro, e que debate o impacto do racismo na vida do povo negro. Tudo isso, segundo a sindicalista, vinculado às pautas do Fora Bolsonaro. Leilane explica ainda que na atividade haverá atrações culturais diversas, com total participação e condução do povo preto, além do protagonismo de mulheres negras na condução do carro de som.

“Será um ato histórico em defesa das vidas negras, contra o racismo e o feminicídio das mulheres pretas nas periferias, e por Fora Bolsonaro” 

– Leilane Santos

Unificação da luta

A unificação das lutas contra o racismo e pelo #ForaBolsonaro ─ que inclui a pauta das trabalhadoras e dos trabalhadores ─  foi consenso entre as entidades que integram a Campanha Nacional Fora Bolsonaro e as que organizam, já há alguns anos, os atos de 20 de novembro. A orientação é para que os atos sejam construídos em conjunto com organizações como a Coalizão Negra por Direitos e a Convergência Negra.

“O racismo estrutura as relações de desigualdade no Brasil e a população negra é vítima preferencial do caos social e sanitário brasileiro, sendo a que mais sofre com as doenças, o desemprego, violência e a fome”, diz trecho da convocação para o dia 20.

“Neste 20 de novembro, iremos às ruas para resgatar a memória de Zumbi dos Palmares e de Dandara, lutar pela igualdade racial no país e também para resguardar os direitos da população negra, até aqui conquistados. Sabemos que o governo de Bolsonaro é um governo racista e que não tem nenhuma política de amparo e inclusão da população negra, principalmente, no que diz respeito às mulheres e à juventude. Por isso, seguiremos na luta para que população negra ocupe lugares de fala e tenha melhores condições de vida e de trabalho”, disse a secretária de Combate ao Racismo da CUT-DF, Samantha Sousa.

Um relatório elaborado pela Coalização Solidariedade Brasil, rede que agrega 18 entidades internacionais, apontou que, nos primeiros dois anos de governo Bolsonaro, houve retrocesso significativo no que se refere aos direitos humanos e à desigualdade no país.

Sabemos que o governo de Bolsonaro é um governo racista e que não tem nenhuma política de amparo e inclusão da população negra, principalmente, no que diz respeito às mulheres e à juventude

– Samantha Sousa

De acordo com o documento, houve um aumento de 6% nas mortes pela polícia no primeiro semestre do ano passado. O relatório constata ainda que jovens negros de favelas são os alvos preferenciais dessa violência. Para se ter ideia, em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, 79,1% dos mortos pela polícia foram negros.

“Se tem algo que nos mobiliza pelo ‘Fora, Bolsonaro’ é o comportamento racista desse governo”, concorda secretária-geral da CUT, Carmen Foro, que considera acertada a decisão de unificar as lutas. “A população negra tem sido a mais afetada – a que mais sofre – com a política nefasta de Bolsonaro”, acrescenta.

E, para além do enfretamento ao atual governo, Carmen destaca ainda que a constante luta contra o racismo deve ser reforçada. “A classe trabalhadora tem gênero, tem raça, tem cor e os negros fazem parte dela. É de extrema importância lutarmos por respeito”, diz.

Fonte: CUT Distrito Federal