Trabalhadores e trabalhadoras da Eletrobras foram surpreendidos com a indicação do Rodrigo Limp Nascimento, atual secretário de energia elétrica do MME, para o cargo de presidente da Companhia.

Contudo, a surpresa maior foi o Conselho de Administração da Eletrobras – CAE contratar por R$ 575.824,85 (quinhentos e setenta e cinco mil, oitocentos e vinte e quatro reais e oitenta e cinco) à Korn Ferry Consultores LTDA. para encontrarem um “novo Pinto Junior”. Cabe lembrar que esta ação do CAE, sem consultar o acionista majoritário, é, de um lado, uma clara ação de gestão temerária, e, de outro, má-fé, pois demonstra que houve deliberadamente a intenção de burlar prerrogativas legais e constitucionais do acionista majoritário.

Não é de se estranhar tal comportamento do CAE. Na gestão de Wilson Pinto Junior o Conselho se tornou uma espécie de cidadela dos acionistas minoritários, lá eles pintam e bordam, como, por exemplo, as indicações de presidentes ligados a grandes minoritários; a aceitação de membros em flagrante conflito de interesse, como é o caso de Wilson Pinto Junior, agora presidente concorrente da BR Distribuidora, que passou ter assento no colegiado; a aceitação da Lúcia Casasanta, ex-diretora de (des)Conformidade, vinculada à eterna e privilegiada contratada Deloitte; dentre várias outras mazelas denunciadas pela AEEL.

Infelizmente, a experiência da Eletrobras com processos seletivos para escolha de executivos é decepcionante. Primeiramente, Wilson Pinto Junior, quando indicado para a Eletrobras, não passou por nenhum processo, caiu de paraquedas com a missão de fazer uma “privatização controlada” da Eletrobras. Controlada para resguardar os interesses dos grandes acionistas minoritários e de outros agentes interessados. Outro ponto a destacar neste quesito foi a escolha de Lúcia Casasanta para diretoria de Conformidade, que pelas reiteradas falas de Wilson Pinto Junior, foi por ele escolhida. E mais: em 12/03, durante sua despedida, declarou que recebeu das mãos de Elena Landau o currículo da atual diretora Financeira e de Relações com Investidores da Eletrobras, Elvira Presta Cavalcanti, o que denota que o processo conduzido pelo headhunter teria sido para inglês ver, em um jogo de cartas marcadas.

Agora, tendo a União lançado mão de suas prerrogativas de majoritária e indicar o novo presidente da Eletrobras, alguns conselheiros, alinhados com Wilson Pinto Junior, contrariaram-se com a decisão. Dentre os quais, Mauro Cunha, que apresentou carta de renúncia ao cargo. Este conselheiro, além de renunciar, deveria também, juntamente com os seus colegas de conselho, tomar as providências para o devido ressarcimento aos cofres da Eletrobras quase de R$ 600 mil pagos à Korn Ferry:

Registro feito pelo conselheiro Mauro Cunha em sua carta de renúncia: “Na data de hoje, 24.03.2021, o Conselho de Administração da Eletrobras decidiu, contra o meu voto, acatar a indicação do acionista controlador para o cargo de Presidente da Eletrobras. Tal decisão desviou do processo sucessório com o qual este conselho se comprometeu através de Comunicado ao Mercado em 25.01.2021. Adicionalmente, ignorou a opinião formal da consultoria externa independente contratada para nos assessorar neste processo, no sentido de que ‘não recomenda o candidato para o cargo de Diretor Presidente’. Mais do que isso, inquirida, confirmou que manteria tal opinião ainda que a especificação do cargo fosse alterada para um maior foco em questões regulatórias, notadamente ligadas ao processo de capitalização da Eletrobras. Na mesma reunião, houve ainda, infelizmente, quebra irremediável de confiança no processo de governança deste conselho”.

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