Por que insistir em entregar a Eletrobras para o setor privado?

A Eletrobras apresentou seus resultados anuais e mostrou mais uma vez que é operacional e financeiramente robusta. Com lucro de R$ 6,4 bilhões em um ano de pandemia, acumulando mais de R$ 30 bilhões de lucros nos últimos 3 anos. Com mais de R$ 1 4,3 bilhões em caixa e com um Lajida (geração potencial de caixa anual) de mais de R$14 bilhões em 2020, a Eletrobras prova que tem grande capacidade de investimento e que são falsas as afirmações do governo e da diretoria da Eletrobras de que a privatização trará investimentos.

Mesmo sofrendo com a má administração da empresa, conforme denunciamos abaixo, a Eletrobras consegue obter ótimos resultados em termos de lucro. O indicador de endividamento Dívida Líquida/Ebitda da Eletrobras está em 1,5x, em patamar mais baixo que as grandes empresas do setor (TAESA 3,4x, EDP 2,4x, CPFL 1,9x, ENGIE 1,8x), mostrando que a Eletrobras está totalmente desalavancada e pronta para investir. Os investimentos não ocorrem porque faz parte do projeto entreguista do governo e da direção da Eletrobras, entregá-la com muito recurso em caixa. Parabenizamos os nossos trabalhadores e trabalhadoras por mais um ano excelente, entregando energia de qualidade e a baixo preço para todo país.

Receita Bruta Operacional: R$ 35 bilhões.

Lajida recorrente: R$ 14 bilhões.

Dívida Líquida/Ebitda: 1,5x.

Lucro: R$ 6,4 bilhões.

Valor Total do Ativo: R$ 179 bilhões.

Em liquidação: acordos judiciais e prejuízos causados pela venda de ativos marcam o balanço de 2020.

Como é comum, quando se aproxima a privatização de uma grande empresa, os executivos à frente dela, comprometidos com sua entrega e dilapidação, promovem uma limpa no balanço através de acordos escusos com parceiros e comparsas. Essa medida tem dupla serventia para os executivos entreguistas: de um lado, reduz o lucro da empresa, reforçando o discurso de uma empresa ineficiente e pouco lucrativa; de outra, permite acordos que podem render bons valores “por fora”.

Sem dúvida, o caso mais danoso na Eletrobras é o do Empréstimo Compulsório, isso porque a União não quer assumir o ônus da divida. Apesar de efetuar pagamentos recordes de mais de R$ 3 bilhões em 2020, a Eletrobras só é administradora do Empréstimo Compulsório, pois, conforme previsto no art. 148 da CF/88, somente a União tem a capacidade de instituí-lo. Esse passivo é antigo e bem administrado pelos técnicos, mesmo com uma equipe reduzida. A União quer se livrar de uma conta bilionária.

Recentemente ocorreu o julgamento de um novo recurso da Eletrobras, a 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve o entendimento de que a dívida do Empréstimo Compulsório sobre o consumo de energia elétrica, estimada em R$ 17,9 bilhões, não pode ser dividida. Deve ser bancada exclusivamente pela companhia. Ainda há esperança de reverter essa injustiça no STF.

A empresa também registrou mais R$ 2,6 bilhões em novas provisões, afetando negativamente o lucro em 2020 e acumulando um passivo que já chega a R$ 17,5 bilhões. Ocorreu ainda o acordo milionário com a Light, de R$ 496 milhões, no apagar das luzes de 2020.

Leia a íntegra do boletim do CNE aqui.